O presente artigo analisa as associações entre a categoria desenvolvimento e o conceito de comunidades tradicionais com o objetivo de verificar o impacto da ação pública sobre a integração e a marginalização desses grupos sociais. Assim, buscou-se apresentar uma revisão de literatura que permitisse compreender a categoria desenvolvimento e as políticas públicas como instrumentos de integração ou de marginalização de grupos sociais, como as comunidades tradicionais. Chega-se, assim, à perspectiva decolonial para a qual os instrumentos, métodos e metodologias não são neutros e possibilitam à ação pública o direcionamento da sociedade em determinado sentido. Conclui-se que os instrumentos das políticas públicas que impactam comunidades tradicionais acabam por submetê-las à lógica eurocêntrica em favor do pensamento hegemônico, devido principalmente à não consideração das temporalidades e linguagem dessas comunidades, o que limita a sua ação num sentido contra-hegemônico. No entanto, verificou-se que há espaço para o surgimento de pensamentos fronteiriços no encontro entre a "teorização civilizada" e a experiência de quem habita e vivencia a situação de comunidades subalternizadas, afastando-se da ideia de totalidade e criando a ideia de redes, o que permite reconfigurar o que nos une enquanto sociedade.Palavras-chave: desenvolvimento, decolonialidade, política pública, impacto, comunidades tradicionais.1 Primeira versão deste artigo foi apresentada no VI Congresso internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades -CONINTER com o tema Epistemologias Não Coloniais e os Desafios da Construção do Conhecimento Interdisciplinar, em novembro de 2017. As contribuições recebidas nesse congresso, organizado pela ANINTER, foram fundamentais para a finalização deste artigo.