Resumo: A partir da apresentação de três casos clínicos, o autor se lança a uma crítica à matriz teórica da Medicina Narrativa e do que tem sido conhecido como Humanidades Médicas. Pretende-se mostrar que tornar narrativas de pacientes um objeto privilegiado de estudo dos profissionais da saúde e utilizar de métodos quantitativos para medir sua eficiência ou, por fim, considerá-las mero instrumento para se atingir metas terapêuticas ou mesmo acolhimento, é empobrecer o debate no campo do que Hydén e Mishler chamaram de "Linguagem e Medicina". Por outro lado, submeter o encontro clínico à exclusividade de uma análise linguística é insuficiente, se considerarmos a ciência biomédica que o legitima. Uma (ainda) utópica teoria da comunicação em saúde teria que, para atender a tais demandas, dar conta de todas as aporias e contingências da linguagem que o encontro clínico proporciona e, além disso, acomodar a potência colossal representada pelo discurso científico na sociedade moderna. Tais questionamentos nos remetem às relações entre epistemologia e ética que estão, desde sempre, no âmago da medicina. Trata-se, portanto, de procurar especificamente por linhas de pensamento que sejam estruturadas, ou bem como teorias da linguagem que terminam por desaguar em uma ética do encontro, ou, bem contrariamente, como filosofias que, a partir da interação ética entre indivíduos e de uma matriz linguística dela derivada, compõem uma teoria do conhecimento. Palavras-chave: medicina, linguagem, medicina narrativa, Habermas, Lévinas