Penetração da perspectiva de gênero e análise crítica do desenvolvimento do conceito na produção científica da Saúde Coletiva

Abstract

Estudou-se a produção científica brasileira baseada em gênero na Saúde Coletiva, entre 1990-2008. Um total de 1.343 resumos de trabalhos de congressos e 251 artigos publicados foi examinado segundo: distribuição temporal, autoria, abordagem metodológica, áreas de conhecimento e temáticas abordadas. Os artigos foram também analisados quanto à coerência epistemológica entre a intenção e o uso efetivo de gênero ao longo do estudo e quanto à consistência metodológica de aplicação do conceito em termos do sentido completo ou parcial dado a gênero de acordo com sua construção teórica. Resultados mostraram que, embora com penetração crescente, 25,1% dos estudos reduzem gênero a sexo, uso considerado não coerente; 37,8% possuem uso coerente de gênero, mas lhe atribuíram um sentido parcial, e apenas 37,1% deram-lhe o sentido completo. Conclui-se que gênero tem importante presença no campo, mas é trabalhado de modo pouco preciso metodologicamente e inferior a seu potencial analítico.

O cuidado à saúde na perspectiva de trabalhadores homens portadores de doenças crônicas

“…É histórica a figura do homem como provedor da família, constituído socialmente como um ser forte e invulnerável, sendo o trabalho um elemento marcante para sua identidade 11 . Alguns autores destacam que as diferenças ditas culturais e sociais, na verdade, traduzem desigualdades de poder entre homens e mulheres 12 . Embora essa construção mantenha a dominação masculina na sociedade, o homem é colocado numa situação de maior vulnerabilidade pela maior exposição a riscos e à possibilidade de adoecimento, tornando-o prisioneiro do que se denomina masculinidade hegemônica 13,14 .…”

Revista de Saúde Pública in scientific publications on Violence and Health (1967-2015)

“…We based such procedure in the literature that points the polysemy of “violence” 14 , 15 and a “theoretical rarefaction”, as little conceptual development in the studies, in many production chains of Public Health 2 , 17 . This rarefaction is often expressed by the larger endorsement to the ethic and political perspective of questions brought by social movements than to the conceptual formulation implied 1 .…”

Gênero, masculinidades e saúde em revista: a produção da área na revista Saúde e Sociedade

“…In Brazil, the penetration of the gender perspective in Health and, in particular, in the field of Public Health, has been following the international developments, in terms of the growth in the number of publications, mainly from the 2000s (Araújo;Cohen, 2011) and of theoretical-methodological debates. Publications geared towards the surveying and the reviewing of the national production (Aquino, 2006;Vilella;Monteiro;Vargas, 2009;Araújo;Cohen, 2011) highlight the main themes that incorporate gender perspective -sexu-ality, reproduction, harms to health, gender violence and its variations, work and masculinities, plus other emerging or seldom explored themes, such as aging and mental health.…”

“…Publications geared towards the surveying and the reviewing of the national production (Aquino, 2006;Vilella;Monteiro;Vargas, 2009;Araújo;Cohen, 2011) highlight the main themes that incorporate gender perspective -sexu-ality, reproduction, harms to health, gender violence and its variations, work and masculinities, plus other emerging or seldom explored themes, such as aging and mental health. Regarding the subfields of Public Health -Humanities and Social Sciences, Epidemiology and Policies, Planning and Evaluation -, the latter is the one that least incorporated the gender approach in researches (Aquino, 2006).…”