INTRODUÇÃOO brincar é uma condição inerente à infância, possuindo uma dimensão simbólica e funcional. Pensar o brincar nos remete às mais diversas abordagens, tais como a cultural, educacional e a psicológica. A importância do lúdico no desenvolvimento é consenso entre diversos estudiosos da psicologia infantil. Freud foi o primeiro autor a descrever o mecanismo psicológico do brincar e a estudar a vinculação entre a brincadeira e a constituição do sujeito. Sua obra introduz a visão da função simbólica do brincar (Freud, 1998). Ele apontava que brincando as crianças situam-se na dimensão do sonho, se desenvolvem e se constituem. Na perspectiva da psicologia sócio-histórica de Vygotsky (1989), o jogo aparece como facilitador do desenvolvimento, imaginação e criatividade. Brincando, a criança aprende através de seus processos interativos, recriando a realidade. Imagina situações diversas, representa papéis do quotidiano, as regras e seus conteúdos. No brinquedo, a criança adquire capacidades para no futuro desenvolver seu nível de acção real e moralidade. Vygotsky (1989) ainda considera que o brincar deve ser entendido em função das mudanças nos desejos e necessidades da criança que conduzem à acção. Para Piaget (1971), o lúdico está no cerne das actividades intelectuais, constituindo-se em condição para o desenvolvimento infantil. Para ele a brincadeira é um processo que permite o desenvolvimento da autonomia e reciprocidade, de ordem e ritmo. Brincando, o indivíduo, criança ou adulto, pode 33