Itinerários e métodos do aborto ilegal em cinco capitais brasileiras

Abstract

Itinerários e métodos do aborto ilegal em cinco capitais brasileiras

Maus-tratos e discriminação na assistência ao aborto provocado: a percepção das mulheres em Teresina, Piauí, Brasil

“…A Pesquisa Nacional do Aborto (PNA-entrevistas), publicada em 2012, entrevistou 122 mulheres de cinco capitais brasileiras e evidenciou que o principal método empregado por elas para interromper a gravidez foi uma combinação de misoprostol e chás, com finalização em hospital 10 . Em outros estudos, as mulheres disseram que a opção pelo uso do misoprostol, comparado com outros métodos, tinha se dado em razão de sua disponibilidade imediata, facilidade de uso, preço mais acessível e segurança, além do efeito semelhante à indução de uma menstruação 7,17,23 .…”

“…No entanto, a espera pelo efeito do misoprostol foi narrada como um momento solitário, geralmente durante a madrugada, para não levantar suspeitas. As razões apontadas por elas para a procura do hospital oscilaram entre sangramento vaginal volumoso, cólicas uterinas intensas e medo de permanecer sozinha durante o processo, um dado semelhante ao descrito em estudos anteriores 7,10,[24][25][26] .…”

“…A hipótese seria de que a obtenção do medicamento no comércio ilegal comprometeria a eficácia da substância e, como consequên-cia, elevaria o número de abortos incompletos. De toda forma, os dados empíricos têm demonstrado que o itinerário mais comum no Brasil é a mulher iniciar o aborto em casa, com misoprostol, e finalizá-lo no hospital, onde é internada por aborto incompleto para realização da curetagem uterina 10 . Mulheres que necessitam de tratamento por aborto incompleto esperam apoio, privacidade, confidencialidade e respeito durante seu atendimento.…”

“…Uma mulher que nunca tinha realizado exame ginecológico descreveu sua impressão da admissão: eu me senti a pior das mulheres naquela situação. Ele 10,[20][21][22] . Apesar de não se saber se essa demora acontece por discriminação contra a mulher por ter realizado um aborto, existem evidências que demonstram que o atraso em realizar o procedimento adequado para esvaziamento uterino aumenta as chances de complicações [30][31][32] .…”

Editorial

“…Helena Lermen, with her considerations about the volume Abortion research in Latin America and the Caribbean: a renovated agenda to inform public policy and advocacy (Ramos, 2015), highlights evident gaps in the production of knowledge about the issue in the region, when therapeutic abortion (when the woman's life is at risk) is criminalized in only seven countries. Therefore, the difficulties and obstacles for an accurate survey of abortion experiences and their implications to female itineraries, given the criminalization and social censorship built around them (Diniz & Medeiros, 2012;Heilborn et al, 2012).…”