RESUMOEste estudo objetivou descrever as características sociodemográficas e econômicas, as condições de saúde, a capacidade funcional, a utilização dos serviços de saúde e as atividades de lazer de mulheres octogenárias e verificar a associação do número de incapacidades funcionais e do número de morbidades com sua renda e sua escolaridade. Consistiu em um inquérito domiciliar, observacional e transversal, realizado entre 271 octogenárias. Os dados foram submetidos à análise descritiva e ao teste qui-quadrado (p<0,05). As entrevistadas, em sua maioria, são viúvas (73,8%), sem escolaridade (52%), têm renda individual de um salário mínimo (62,7%) e residem em casa própria (60%). As morbidades mais frequentes foram problemas de visão (69%) e hipertensão arterial (59,9%). Verificou-se que 39,6% têm uma incapacidade funcional, 34,4% referiram utilizar os serviços do SUS e 70,4% estão satisfeitas com as atividades de lazer. A associação do número de comorbidades com renda e escolaridade e de incapacidade funcional com renda não evidenciou diferenças significativas. Observou-se que quanto maior o número de incapacidades menor é a escolaridade. Os resultados reforçam a necessidade de implementar políticas e ações de saúde destinadas às octagenárias com fundamento no processo de envelhecimento ativo.Palavras-chave: Enfermagem Geriátrica. Idoso de 80 anos ou mais. Envelhecimento. Saúde da mulher. Enfermagem.
INTRODUÇÃOO envelhecimento, antes considerado um fenômeno, hoje faz parte da realidade da maioria das sociedades. Não obstante, neste aspecto existem importantes diferenças entre os países desenvolvidos e aqueles em desenvolvimento: enquanto nos primeiros o envelhecimento ocorreu associado a melhorias nas condições gerais de vida, nos outros esse processo acontece de forma rápida. Assim, o tempo é escasso para uma reorganização efetiva nas áreas social e de saúde voltada às novas demandas emergentes. Para o ano de 2050 estima-se um total de dois bilhões de pessoas idosas no mundo, sendo a maioria residente em países em desenvolvimento (1) . A população idosa passa por uma profunda mudança na sua estrutura interna, tanto no tocante à idade quanto à proporção entre os sexos (2) . Entre os idosos, o grupo com idade igual ou superior a 80 anos vem aumentando de maneira mais intensa do que as outras faixas etárias, constituindo o segmento populacional que mais cresceu nos últimos tempos (1) . No Brasil, em 2000, este segmento representava 1% da população geral e para 2050 estima-se que represente 6,5%, sendo a maioria (62,91%) do sexo feminino (3)