Desconstruindo Representações Sociais: por uma Cultura de Colaboração para Inclusão Escolar1

Abstract

RESUMO: As políticas públicas de inclusão representam um grande desafio para os profissionais da Educação Especial, pois demandam uma ressignificação dessa área como campo de saber e atuação, não mais se restringindo apenas ao atendimento especializado a pessoas com deficiência em espaços restritos como escolas e classes especiais. A Educação Especial contemporânea configura-se como um sistema de recursos que visa, prioritariamente, dar suporte à aprendizagem de alunos com deficiências incluídos em turmas comuns. Para tal, é fundamental o estabelecimento de uma parceria efetiva entre professores especialistas e os do ensino comum. Este texto discute a cultura de colaboração entre os professores sob a perspectiva das representações sociais estereotipadas e a função dos educadores frente à escolarização de alunos com deficiências. Defende-se que as representações docentes precisam ser revistas, em um processo interno de conscientização, para que possam ser estabelecidas práticas colaborativas, que resultem em uma transformação da dinâmica curricular das escolas, garantindo, assim, a inclusão, a participação e a aprendizagem de todos os alunos.

A Inclusão Da Pessoa Com Deficiência Por Meio Dos Espaços Escolares

“…Desta forma, aflorando o senso de que todos são merecedores de conhecimento e reconhecimento, envolvendo a modificação do ponto de vista da sociedade e das próprias pessoas com deficiência, sobre o corpo. ( LACAN, 1975;GLAT, 2018) Na contemporaneidade, o debate sobre a inclusão de pessoas com deficiência ocorre em diversos países, sendo uma preocupação das Nações Unidas, que abordou essa temática na Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (UNCRPD). Ademais, o processo acontece de maneiras diferentes, principalmente pela perspectiva histórica que a temática vem sendo trabalhada, com variações entre nações e entre locais dentro de um mesmo país.Em um paralelo entre a Suécia e o Brasil, o país europeu aborda a temática de acessibilidade a muito mais tempo, tornando algo mais instintivo para a população.Enquanto que no país da américa Latina, essa temática é recente e ainda precisa de uma maior fiscalização e incentivo (VON et al, 2017;TRANI et al, 2019;BRANDÃO, 2019.…”

“…No cenário brasileiro, a luta dos familiares foi muito importante para a conquista de direitos, principalmente as mães, que normalmente são responsáveis pelo cuidado direto das pessoas com deficiência (PCDs). A evolução é contínua, pois novas demandas surgem constantemente, considerando o dinamismo da situação, juntamente com a reivindicação de direitos, que apesar de existirem em legislações e leis, como a Lei nº 8.213, conhecida como Lei de cotas, nem sempre são colocados em prática (PAIVA;BENDASSOLLIL, 2017;GLAT, 2018).…”

Educação inclusiva: autoconceito profissional de professores

“…Desse modo, a inclusão é considerada uma prática social desenvolvida na arquitetura, na educação, no trabalho, na cultura e no lazer; nas atitudes, nas concepções e na maneira de perceber e compreender a si mesmo, o outro e as coisas (Camargo, 2017). Nessa linha de pensamento, Glat (2018) acrescenta que o ingresso do educando com deficiência na escola regular trouxe a reconfiguração substancial das relações interpessoais entre os diferentes atores escolares.…”

Análise de aprendizagem expansiva em intervenção formativa: a inclusão de alunos com deficiência nas séries finais do ensino fundamental em foco

“…O atendimento especializado é complementar ou suplementar ao ensino de classe regular, deve ser (mas nem sempre é) ofertado no contraturno desse ensino, tem frequência variável -geralmente uma ou duas vezes por semanas, com duração de cerca de uma hora. Glat (2018) destaca que é imprescindível haver parceria efetiva entre os profissionais do atendimento especializado e os de classe comum, superando visão estereotipada de que o aluno com deficiência é de responsabilidade do professor especialista em Educação Especial. Tal cultura de colaboração, entretanto, precisa ser construída ainda.…”