A escrita acadêmica: do excessivo ao razoável

Abstract

O artigo propõe uma reflexão pontual sobre a natureza da escrita, colocando em análise procedimentos argumentativos, enunciativos e dispositivos de produção de regimes de verdade no interior de textos acadêmicos. Discute a tensão entre escritor e leitor, constituindo a escrita como um campo turbulento de disputa e negociação de sentidos e significados de modo que a mútua interpelação produza deslocamentos na direção da constituição do sujeito escritor e do sujeito leitor. Apresenta uma revisão de estilos de escrita acadêmica, apontando potencialidades e fragilidades, destacando-se os riscos que o exagero e o excesso podem produzir nos efeitos de apreensão e compreensão do conteúdo. Propõe, a modo conclusivo, a ponderação e a plausibilidade como estratégias de estabelecimento de uma medida do que seja o razoável no interior da cultura acadêmica.

Contribuições de Umberto Eco para a tessitura de uma tese em ciências humanas: lições sobre a pesquisa na atualidade

“…Para tanto, a escrita pode ser um relato, uma comunicação, um ensaio, um postulado, uma reflexão, uma instrução ou um debate, entre tantas outras possibilidades. Cada um desses tipos, acaba se configurando em razão de um interlocutor diferente, onde o -para quem‖ da escrita é constituinte da própria escrita e o destinatário é, ao mesmo tempo, um sujeito existente e um sujeito possível (PEREIRA, 2013).…”

A Experiência Singular Na Pesquisa Em Letramento Acadêmico: Focalizando O Processo Da Escrita Na Pós-Graduação

“…Os desafios com a escrita na esfera acadêmica, compreendida tanto na graduação quanto na pós-graduação, formam uma pauta de abrangência plural. Compreendemos essa amplitude pelos diferentes contextos, entraves e, por vezes, dores diante do processo da escrita comporem fortemente a agenda dos estudos da psicologia (MACEDO; DIMENSTEIN, 2009;CORRÊA;SOUZA, 2016;CRUZ, 2020) e educação (PEREIRA, 2013). Apesar da pertinência indiscutível desses campos de estudo na investigação do tema, temos investido no reconhecimento de que a base linguístico-discursiva do problema da escrita acadêmica deva ser tratada como ponto de partida de interlocuções subsequentes, visto que defendemos que as relações históricas, ideológicas e intersubjetivas do sujeito com a linguagem engatilham e tracionam questões de ordem psicoemocional, educacional, identitária etc.…”

A escrita na formação de professores de língua portuguesa

“…Sabemos que a escrita acadêmica relaciona-se ao processo de letramento acadêmico, ou seja, com os usos da escrita -e da leitura -em práticas sociais e culturais no contexto universitário, por meio dos quais ocorre a interpretação, a compreensão e a organização do conhecimento em práticas de escrita dos mais variados gêneros e temáticas. Desse modo, " [...] ao lermos e escrevermos textos-enunciados na universidade, estamos, sobretudo, nos situando em uma dada circunstância, em dado momento histórico, nas condições de dada situação social" (PEREIRA;BRAGA, 2015, p. 304-305).…”