A partir de olhares da antropologia da política e do desenvolvimento, busco analisar neste artigo alguns entrelaçamentos entre a ‘área da cultura’, política e desenvolvimento nos municípios de Arinos e Chapada Gaúcha, Minas Gerais. Elementos culturais, como “movimento” e “personalismo”, participam ali como diretrizes para que atores locais heterogêneos, com interesses, visões e projetos de mundo concorrentes, operem um circuito de festas, valendo-se de políticas públicas culturais distintas para adquirirem margem de manobra e duelarem sentidos na ‘área da cultura’. A capacidade de alguns em subverter – provocando uma tensão despolitização-agência – e a habilidade de outros em tecer alianças supralocais e inovar por meio de articulações em rede são mediadas por políticas públicas, que impõem ali racionalidade particular, mas que também proveem recursos importantes para a disputa. Desse jogo, apreende-se a multiplicidade do próprio Estado que, combinada com ações locais contestatórias, abre espaço potencial para a redistribuição de poderes.