IntroduçãoO crucifixo é inegavelmente um ícone poderoso e polissêmico. Trata-se de um "símbolo dominante" 1 que ainda é encontrado nas instituições centrais do Estado brasileiro. Em nosso país, a imagem do Cristo crucificado não está colocada apenas em igrejas e espaços privados, mas também está presente nos mais variados espaços públicos. Está geralmente afixado em uma posição central, de destaque, em espaços sociais e instituições públicas fundamentais para uma sociedade moderna, como escolas, universidades, tribunais e parlamentos. Crucifixos e outros símbolos religiosos têm e sempre tiveram uma dimensão pública, o que pode sinalizar para um tipo específico e particular de relação entre Estado, religião e sociedade neste país, em verdade uma laicidade peculiar, à brasileira.Cabe aqui enfatizar que a existência de símbolos, imagens objetos e monumentos católicos nos espaços públicos e privados remonta ao período colonial e imperial, estendendo-se durante o regime republicano até os dias atuais. Oratórios, ermidas, santuários, cruzeiros e cruzes permeavam todos os espaços sociais. Tratando-se de uma característica própria e singular do catolicismo popular luso-brasileiro, também marcado pelas festas, romarias e procissões públicas. Na verdade, a cultura brasileira sofreu a influência do catolicismo desde seus primórdios. O Brasil foi descoberto por