“…As respostas dadas a tais exigências não são simples nem ocorrem da mesma maneira em todas as comunidades, podendo gerar graus diferenciados de tensões e conflitos, tanto externos quanto internos, mas são sem dúvida estruturadas pela organização prévia de práticas, memórias e visões de mundo do grupo: fatores cruciais na definição das possibilidades de tais respostas. Arruti (1997), ao abordar o tema do reconhecimento de comunidades remanescentes em período anterior ao dessa regulamentação, aponta como tal denominação implica na elaboração de uma identidade antes inexistente, embora composta por uma adequação entre elementos elencados pelos agentes políticos externos como relevantes e aspectos selecionados a partir de uma matriz de hábitos e crenças das comunidades em questão. Assim, se por um lado identifica tal processo como uma etnogênese, por outro afirma a necessidade de assumirmos que a dinâmica é uma característica da vida social, e que longe de descaracterizá-los, essas respostas apontam o potencial desses grupos de ressignificar o passado frente a um quadro político novo.…”