RESUMO: Com a difusão da escrita e da cultura erudita a Idade Moderna assistiu a ereção de verdadeiras monarquias de papel. Discursos políticos, projetos de governo e relatórios administrativos circularam por entre uma intricada rede relacional centrada em intensa troca epistolar, unindo rei e suas possessões. Contudo, a gestão do império português se dava de forma indireta, por entre um vasto sistema de representação de cargos e funções e, especialmente nos rincões ultramarinos, a distância e os pequenos poderes administrados pelas Câmaras Municipais conferiram feições bastante específicas à soberania régia e aos desígnios legislativos. O artigo analisa esse curioso fenômeno sob o prisma de dois desses cargos da administração lusitana. PALAVRAS-CHAVE: Distância; Império português; Câmaras Municipais; História política. The distant king, the paper empire and the reverse New World: Portuguese government, 17th and 18th centuries ABSTRACT: With the diffusion of writing and the erudite culture the Modern Age witnessed the beginning of paper monarchies. Political speeches, government projects, and administrative reports circulated trough a relational network with letters exchange, linking the king to his possessions. However, the management of the Portuguese seaborne empire was indirectly through a vast system of representation with positions and functions, and especially overseas, the distance and the small powers administered by the local councils gave very specific features to the royal sovereignty and to the legislative purposes. The paper analyzes this curious phenomenon under the prism of two of these posts in the Lusitanian administration.