Do feminismo aos estudos de gênero no Brasil: um exemplo pessoal

Abstract

1 Falo aqui em Brasil contemporâneo porque houve outros movimentos e outros jornais feministas no Brasil, desde o início do século passado: ver SAFFIOTI, Heleieth. A mulher na sociedade de classes:mito e realidade. São Paulo, Editora Quatro Artes, 1969. 2 Para uma avaliação desses movimentos e bibliografia, ver CARDOSO, Ruth. Movimentos sociais urbanos: um balanço crítico. In: ALMEIDA, Maria Herminia T. de e SORJ, Bernardo. (orgs.) Sociedade e política no Brasil pós-64. São Paulo,

Transexualidade, violência e ciberespaço: Um estudo etnográfico digital

“…O estudo da temática sobre gênero no Brasil, mais especificamente os estudos sobre a mulher, teve sua emergência nos anos de 1970de (MATOS, 1998. Nesta mesma década, o movimento feminista 5 , ocupando um espaço de maior expressão se articulou com diversos outros movimentos sociais como: a luta por moradia, movimentos políticos como o movimento pelo direito à terra de grupos indígenas e movimento dos homossexuais (CORRÊA, 2001).…”

A Institucionalização Dos Estudos De Mulheres, Gênero E Feminismo Em Tempos De Ditadura Militar

“…Mulher e trabalho, no espaço urbano ou rural, marcam o início da investigação acadêmica (SILVA, 2000), como os trabalhos das sociólogas e pioneiras Heleieth Saffioti (1976Saffioti ( [1969) e Eva Altermann Blay (1978 CONCEIÇÃO, 1991;CORRÊA, 2001;COSTA, 1988COSTA, , 1994COSTA, BARROSO, SARTI, 1985;SARTI, 1988;COSTA, SARDENBERG, 1994;HEILBORN, SORJ, 1999;entre outras Costa (1988), nessas condições se abrem possibilidades de ascensão social para um setor educado e qualificado pelas camadas médias, ao mesmo tempo em que é cerceado pelo aparato repressivo.…”

“…marca o sentimento das primeiras ações feministas. Essa sensação se refere ao esvaziamento dos canais políticos tradicionais, com a censura aos jornais, a dissolução dos partidos políticos existentes e a permanente ameaça de cassação dos direitos políticos dos que ainda atuavam no cenário partidário(CORRÊA, 2001). Se a arena do debate público, tradicional espaço dos homens, estava fechada, o privado, associado ao feminino, se tornava o espaço alternativo de reflexão.…”

“…das ciências sociais na época, mostrando que, longe de um apoio harmônico, havia desafios claros postos pelas convenções disciplinares da área. Em discordância da interpretaçãode Heilborn e Sorj (1999), de que a área de estudos de gênero no Brasil prescindiria de motivações políticas por ser primordialmente acadêmica,Corrêa (2001) afirma que a própria existência dos EMGF tinham uma dimensão política, grau em que são/foram favoráveis ao desenvolvimento da pesquisa e educação feminista na academia. Nesse sentido, vimos como a importância do movimento de mulheres na redemocratização do país ajudou a legitimar este tipo de produção intelectual.…”

Utopia, feminismo e resignação em The left hand of darkness e The handmaid's tale

“…Assim, uma das questões que reiteradamente aparecia nas nossas discussões era a clivagem entre militantes e pesquisadoras, clivagem que se tornou importante à medida que a pesquisa sobre a situação da mulher no país ganhou preeminência sobre os movimentos de mulheres. (CORREA, 2001) O texto de Atwood pode ser lido a partir desse subtexto com ganhos interessantes de interpretação: se, por um lado, a estrutura circular, desde o início, coloca sob suspeita quem narra (os narradores de toda a história são, em sua essência, dois homens), ou seja, deve se colocar o que é narrado sob suspeição, no subtexto se coloca sob suspeita a própria produção acadêmica sobre o feminismo.…”