Covid-19, biossegurança e antropologia

Abstract

Resumo Sofrimento, ansiedades e incertezas estão por toda a parte em face da pandemia de Covid-19. Tem sido uma experiência impactante, contudo cada vez mais comum. Nas últimas décadas, diferentes domínios de interesse, como aquele das emergências sanitárias e do clima e da autonomia alimentar e do terrorismo, tiveram seus caminhos cruzados na mira de ações de Estado para a vigilância e o controle de humanos, animais, artefatos e ambientes. Esse movimento complexo tem semeado algumas críticas que articulam inúmeras preocupações contemporâneas. Elas performam o emergente campo da antropologia da biossegurança. O objetivo deste trabalho é fornecer uma introdução a esses debates e suas possibilidades de interseção com aqueles da antropologia da saúde, da ciência e da tecnologia, das relações humano-animal e ambientes e suas críticas a partir de conhecimentos e práticas locais.

Os impactos sociais da Covid-19 no Brasil: populações vulnerabilizadas e respostas à pandemia

“…Elas converteram pequenos agricultores dos interiores em "empreendedores do campo", que terceirizam a produção animal das grandes e capilarizadas corporações. A emergência da engenharia genética e os protocolos sanitários internacionais são facilitadores desse neoliberalismo extrativista e carnificador (Segata, 2020a) que delineia geografias desiguais mas é pacificado pela promessa de alimentar o povo, sobretudo com carne a baixo custo. Como explicaram Lapegna e Otero (2016), a promessa da democratização alimentar em países economicamente vulneráveis age com base na ideia de que com carne na mesa a vida parece boa e justa, apesar das imensas e doentias cargas de trabalho precarizado.…”

Beyond Exotic Wet Markets: COVID-19 Ecologies in the Global Meat-Processing Industry in Brazil

“…He highlights the role of racial capitalism which drives migrants to excessive degrees of 16 It is not the focus here, but there are evident links between the virus and the indomitable mushrooms of Anna Tsing (2015). Both transgress limits, circumvent systems, and question borders - above all, the control and the human imagination of the exception itself (Segata, 2020). Nevertheless, in the present work, we are more concerned with investigating how the virus's survival depends on a series of concrete - and, many times, already existing - articulations, which evidence the "ordinary" character of the epidemic despite its uniqueness, than with just philosophical consequences.…”

“…Biosecurity becomes an increasingly robust form of containment policy, as if humans were always in the sights of an enemy and on the verge of an imminent war against other humans, animals, microorganisms, and environments. Yet these are environments that humans, animals and microorganism both produce and share (Segata, 2020). A multispecies ethnographic perspective - in this instance involving disease and health - has helped us to put under tension narratives that support the fantasy of human exception.…”

“…However, it is necessary to situate them. There are materialities, speeches, and particular practices that act on multiple vulnerabilities, risks, and forms of illness (Segata, 2020). The meat industry is just one of many manifestations of this profound catastrophe that crosses our lives with those of other species and environments.…”

Instantáneas de una pandemia. Mirar en un régimen de confinamiento.

“…Para los dos científicos sociales que firmamos este trabajo, el covid ha sido una gran oportunidad de pensar en muchos elementos que estaban ahí (Fernández Esquinas, 2020, Segata, 2020, pero que por su naturaleza integracionista y normalizadora eran difíciles de ver, estudiar y pensar. El encierro por el covid, como en las comedias de situación norteamericanas, se basa en confinar a los personajes en espacios muy reducidos, generalmente en los salones de su casa, y hacer que todo ocurra ahí delante.…”