“…11 Gonzaga se encontrava envolvido no debate contemporâneo sobre as formas e usos da tradução, em que conceitos como utilidade, notoriedade do texto e o clientelismo vigente legitimavam as traduções visando "facilitar o conhecimento" e instruir os leitores portugueses (Denipoti, 2017b, p.917-921). No mesmo debate discutia-se sobre as características ideais de uma tradução, adotando-se ora uma pedagogia de imitação do texto original, ora uma aproximação do texto traduzido de formas menos rígidas (Denipoti, 2017b) mais compreensíveis aos leitores lusitanos, como expressou Miguel Brandão Ivo, tradutor da Arte da guerra de Frederico II (1792), em seu prefácio de tradutor: Que importa que o Tradutor possua a fundo o conhecimento dos dois idiomas, que conheça a energia das suas frases, a graça, e a variedade da sua locução, senão possuir o raro talento de combinar o gênio, e carácter de duas línguas, em as quais se anunciam de diferente modo as ideias, e os conceitos, porque são diferentes os termos, diferentes as metáforas, e muitas vezes o que em uma é trivial, na outra é sublime? A maior dificuldade, quanto a mim, consiste em certos termos técnicos das Artes e das Ciências, que muitas vezes uma das línguas não tem, dos quais porém nasce a elegância em um idioma, e na tradução uma tibieza, que mata o original.…”