Mídia e democracia: falsas confluências

Abstract

Este trabalho pretende demonstrar as falsas confluências do papel da mídia em relação à democracia e às teorias políticas acerca da democracia. Para tanto, procura-se refletir criticamente sobre os argumentos: a) que naturalizam o fato de a notícia ser uma mercadoria, b) voltados aos (supostos) fins públicos da mídia, embora seus órgãos sejam em larga medida privados e c) que vinculam esses órgãos aos valores liberal-democráticos. Assim, o texto procura demonstrar ao mesmo tempo a ausência e a necessidade de anteparos - consubstanciados na teoria dos freios e contrapesos - aos poderes constituídos, sobretudo da mídia; apontar o paradoxo da intermediação entre as esferas pública e privada realizada pela mídia e questionar até que ponto a mídia realiza a idéia de que quem controla deve ser controlado, sobretudo em um mundo em que as comunicações ampliaram sua atuação para dimensões planetárias. Conclui-se que a democracia somente poderá efetivar-se caso haja controles democráticos sobretudo sobre a mídia, assim como urge criarem-se, em escalas nacional e internacional, meios públicos de informação: nem privados nem estatais.

Machismo discursivo: modos de interdição da voz das mulheres no parlamento brasileiro

“…Se as mulheres parlamentares são de alguma forma prejudicadas em seu poder de palavra, o machismo discursivo constitui um obstáculo à própria democracia, que tem como um dos pilares a liberdade de expressão, entendida além das relações interindividuais. Afinal, a liberdade de expressão também é mediada no plano institucional, com base em regras formais e informais (Francisco FONSECA, 2004). No caso do parlamento, isso tem reflexo tanto no poder de fala nos espaços institucionais internos como no noticiário político.…”

Em Busca das Relações Possíveis entre Desenvolvimento e Esfera Pública

“…Certos autores irão enfatizar a determinante influência dos meios de comunicação sobre o público, tema que vem sendo debatido crescentemente (Fonseca, 2004;Gorelick, 2009;Muis, 2010;Karim, 2008), enquanto outros procurarão ressaltar a importância do ator sujeito, portador da ação individual ou coletiva, que recorre aos princípios de estruturação, conservação ou mudança da sociedade (Garreton, 2002). Para estes últimos, mais do desenvolvimento em Questão que um diagnóstico de que vivemos um momento totalitário, de anulação da política, parte-se, precisamente, da disputa política, contextualizada no espaço público.…”

Empreendedorismo como ideologia: análise do enfoque da revista Exame em dez anos de publicação (1990-99)

“…Vários autores dedicados à análise da "grande imprensa" brasileira encontram discursos essencialmente comprometidos com interesses da classe dominante, preocupada com a coesão social em torno da ordem política e econômica (CHAUÍ, 2006;FONSECA, 2004;FONSECA, 2003a;FONSECA, 2003b;ABRAMO, 2003;SILVA FILHO, 1998). Partindo-se deste pressuposto, e considerando que a revista Exame é agência da grande imprensa, é possível afirmar que suas narrativas não são indiferentes ao propósito de adesão de trabalhadores a novos valores, ou à nova "ética" do trabalho.…”