A Escola Caetano de Campos assumiu preponderante papel na renovação do ensino pré-escolar e primário paulistano nos anos iniciais da República. Tendo em vista os objetos pedagógicos introduzidos como fundamentais para a modernidade da época, o objetivo deste artigo é compreender as inovações na organização e composição da cultura material escolar que caracterizou essa instituição. Busca-se refletir sobre as finalidades e sentidos que a provisão material adquiriu na organização desse estabelecimento percebendo o modo como os objetos deram materialidade aos projetos de renovação educacional no Estado de São Paulo. Privilegia-se como procedimentos, além de revisão bibliográfica, a análise de impressos pedagógicos destinados ao professorado paulista, como as revistas “Jardim de Infância” (1896-1897), “Ensino” (1912) e “Eschola Pública” (1893) e os documentos oficiais da Escola Caetano de Campos encontrados no acervo do APESP – (Arquivo Público do Estado de São Paulo) e no CRE – (Centro de Referência em Educação Mário Covas), em especial, o Catálogo de Instrumentos para Ciências Naturais da Maison Emile Deyrolle (1931). Em termos teóricos, utiliza-se como aporte para o exercício analítico dessas fontes, as referências de Agustín Escolano Benito (2010, 2017), Dominique Julia (2001) e da historiografia brasileira especializada no tema da cultura material escolar, Castro (2013); Panizzolo (2011, 2013); Petry (2013) e Souza (2007, 2021). Conclui-se que os artefatos presentes nessa instituição tiveram por objetivo prover, além de modos de produção da vida material escolar, a produção/reprodução de valores para se atingir ideais de modernidade e cientificidade contribuindo para disseminar uma determinada concepção de ensino.