A cultura da repetência em escolas cariocas

Abstract

ResumoEste artigo é baseado em uma tese de doutorado sobre o sistema de ensino cujo objetivo é descrever o fenômeno da "repetência", principal impedimento para a universalização da conclusão do ensino fundamental no Brasil. Durante dois anos foi realizado um estudo de caso em duas escolas públicas da cidade do Rio de Janeiro, uma municipal e a outra estadual. Segundo a cultura da escola brasileira, o professor não se vê responsável pelo aprendizado e promoção de seus alunos. A pesquisa revelou que essa "cultura" se reproduz na própria estrutura da aula: a sala de aula é descrita com a metáfora "centro-periferia". Os alunos que ficam no "centro" da sala de aula recebem mais ensino do que os que ficam na "periferia". Há dois tipos de alunos no "centro": aqueles cujas condições extraescolares contribuíram para seu lugar privilegiado na sala de aula e estudantes com condições sociais mais simples. De acordo com o "efeito Pigmalião", tais alunos foram escolhidos para serem ensinados pelo professor.Palavras-chave: Escola. Repetência. Professor. Cultura.The grade repetition culture in schools The grade repetition culture in schools The grade repetition culture in schools The grade repetition culture in schools The grade repetition culture in schools in the city of Rio de Janeiro in the city of Rio de Janeiro in the city of Rio de Janeiro in the city of Rio de Janeiro in the city of Rio de Janeiro Abstract Abstract Abstract Abstract AbstractThis article is based on a PhD's thesis on the Brazilian education system, that aimed to describe the flunking phenomenon, which is the main impediment to the conclusion of the elementary school in Brazil. For two years a case study was conducted in two public schools in Rio de Janeiro. According to the Brazilian school system culture, teachers do not feel responsible for their students learning and progress. The research showed that this culture can be noticed inside the classrooms, in their own structures, which can be described by the "center-periphery" metaphor. The students whose sits are located in the center of the classroom receive more teaching than the students who sit in the Maria de Lourdes Sá Earp Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v. 17, n. 65, p. 613-632, out./dez. 2009periphery. There are two kinds of "center" students: first, people who have better social condition which contribute to their privileged position in class and second, students with simpler social conditions. Theses students have been chosen to be taught by the teachers according to the "Pygmalion effect".

A cultura da reprovação em escolas organizadas por ciclos

“…Teachers' beliefs and expectations about student performance are the result of a naturalized representation that school is not for everyone and that some young people will be more competent and more successful than others. A representation materialized in the promotion of some and the grade repetition of others (Earp, 2009). Dalben (2000) reports the resistance of teachers to the implementation of the Plural School (Escola Plural) 6 in the educational system of Belo Horizonte city, organized in cycles, due to the loss of authority and the ability to negotiate with students the discipline and dedication to tasks, in exchange for good grades that will culminate in promotion, revealing the permanence of the culture of grade repetition even in schools that have adopted social promotion.…”

Estilos de aprendizagem no Ensino Superior: enfrentando a evasão e a retenção

“…É salutar destacar que, de fato, e assim como bem destacou Earp (2009), o professor tem a tendência de já olhar o aluno que experimenta momentaneamente a situação da retenção com estereótipos e estigmas. Não foram raros os comentários que a coordenadora ouviu de colegas que chegaram a duvidar que sua equipe alcançaria os resultados objetivados no projeto.…”

Categorias do juízo professoral: entre interpretações, julgamentos e implicações

“…Os eventos dos conselhos de classe observados mostram ser, como naqueles descritos por Mattos (2005), Sá Earp (2006, 2014, Sá Earp e Prado (2016) e Dalben (1995Dalben ( , 2004, um espaço de exclusão, em que o professor não questiona as suas práticas, sua metodologia e acaba por projetar a culpa pelo fracasso escolar dos alunos neles mesmos, em sua condição familiar e de saúde. Não houve, em nenhum momento durante as observações dos conselhos de classe, indagações/reflexões dos professores sobre as suas práticas.…”