Rev Bras Crescimento Desenvolv Hum. 2007;17(1):156-164 Sheila P. Marinho., et al. 156 Rev Bras Crescimento Desenvolv Hum. 2007;17( Resumo: O déficit estatural na infância e a obesidade associada à baixa estatura na fase adulta são, respectivamente, indicativos de desnutrição crônica e de desnutrição pregressa. Podem ter determinantes comuns de natureza biológica e sócio-ambiental. Tendo em vista o fornecimento de subsídios para o entendimento dessa relação, é objetivo deste trabalho verificar a distribuição de estados nutricionais entre filhos e pais pertencentes a famílias pauperizadas e os fatores de natureza social e biológica envolvidos. Foram estudadas 214 crianças de até e 5 anos e 293 de idade igual ou maior de seis anos (6 a 18 anos) e seus respectivos pais. A escolaridade materna, o número de cômodos do domicílio, a idade menor de 24 meses, os problemas ao nascer, baixa estatura da mãe, principalmente quando acompanhada de obesidade, associaram-se ao déficit estatural nas crianças de até cinco anos. As associações com a altura do pai foram fracas. Ao contrário das crianças de até 5 anos, os indivíduos de 6 a 18 anos foram mais sujeitos às condições sócio-ambientais e familiares adversas. O tipo de residência, ausência do pai e presença de alcoolista na família, número de indivíduos no domicílio, trabalho e atraso escolar, mãe obesa com baixa estatura e pai com baixa estatura foram fortemente relacionadas com o déficit estatural.
Palavras
INTRODUÇÃOAlguns estudos sugerem que a desnutrição pregressa, que se expressa pela baixa estatura nos adultos, é fator de risco para a obesidade [1][2][3][4][5][6] apontam que crianças com déficit de crescimento podem apresentar maior incidência de fatores de risco cardiovascular na fase adulta. Entre eles o diabetes melito e a obesidade. Segundo Barker e col 3 , ocorrem adaptações nos fetos submetidos à desnutrição, associadas a mudanças na concentração hormonal, verificadas também na placenta.A persistência dessa situação e a sensibilidade dos tecidos aos hormônios, seriam o vínculo entre desnutrição infantil e patogenias verificadas na fase adulta. Assim, a obesidade no adulto pode ser resultante de longo processo, que se inicia no feto, submetido a situações carenciais, principalmente a nutricional. Esse processo adaptativo decorre, entre outros fatores, de situações crônicas de baixa ingestão de energia e nutrientes, determinadas pela forma de inserção social do indivíduo.A verificação do estado nutricional da criança e do adolescente e dos respectivos mãe e pai