RESUMOO aumento de portadores de doenças crônicas dependentes de cuidados tem sido responsável por levar algumas famílias a vivenciarem a experiência do cuidar no ambiente doméstico. Neste contexto, este estudo objetivou analisar a percepção de doentes crônicos acerca do cuidado familiar recebido no espaço domiciliar. O estudo consiste de uma pesquisa qualitativo-descritiva cujos dados foram obtidos por meio de entrevista aberta com nove pacientes. Para a análise seguiram-se os passos da análise temática. Os resultados evidenciaram uma categoria que versa acerca do cuidado familiar no domicílio na ótica de doentes crônicos dependentes de cuidado. Para estes indivíduos o cuidado tem significados de atenção, presteza, zelo, afeto, proteção e compreensão. Eles reconhecem, ainda, que a relação de cuidado pode resultar em conflitos, desentendimentos e desgastes advindos do processo de cuidar. Conclui-se que há fragilidades e dificuldades para a prestação do cuidado por familiar no ambiente domiciliar e, para tanto, os profissionais de saúde, em especial os da enfermagem, devem incluir a família no conjunto de usuários que necessitam de orientações e apoio no sentido de qualificar a assistência a este grupo populacional.
INTRODUÇÃOMesmo com os avanços tecnológicos na área da saúde, diversas doenças continuam sem cura, muitas delas crônicas e de longa duração que, na maioria das vezes, levam o indivíduo à dependência parcial ou total, passando a maior parte do tempo limitado ao espaço doméstico e, frequentemente, necessitando de cuidados. Para a Organização Mundial de Saúde, as doenças crônicas caracterizam-se por serem permanentes e produzirem incapacidade/deficiências residuais; são causadas por alterações patológicas irreversíveis, exigem uma formação especial do doente para a reabilitação ou podem demandar longos períodos de supervisão, observação ou cuidados (1) . Destaca-se que os cuidados ofertados no espaço doméstico qualificam a assistência, pois há maior proximidade da família com os hábitos e costumes, permitindo maior valorização do indivíduo, e não de sua doença. Assim, deve-se considerar o ambiente familiar como um espaço que favorece a recuperação da saúde dos pacientes, em especial, porque nele comumente estão presentes os familiares, e sabe-se que os vínculos afetivos e sociais ajudam sobremaneira na situação de adoecimento de um integrante da família.Doenças de caráter crônico podem desencadear mudanças fisiológicas e psicológicas, em que a capacidade funcional pode estar ou ficar comprometida. Diante de certas condições a dependência, a perda da autonomia e da identidade, a impossibilidade de realizar o autocuidado e o comprometimento de funções, demandam cuidados constantes (2) . Comumente, diante da necessidade de assistência, a família assume papel