RESUMOEste artigo se propõe compartilhar a experiência vivenciada por acadêmicos de enfermagem no desenvolvimento do Programa de Educação pelo Trabalho em um grupo-oficina de mulheres dependentes químicas no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas. Este é um serviço de saúde mental que oferece atendimento diário às pessoas que fazem uso prejudicial de álcool e outras drogas. A participação dos acadêmicos neste serviço ocorre através da escuta, do vínculo e do trabalho de cooperação entre todos os participantes, na busca de uma melhor qualidade de vida. No grupo-oficina, que é um instrumento de motivação para o tratamento, as usuárias relatam suas angústias, tristezas e alegrias, além de exporem suas dificuldades em autocontrolar-se em relação à droga e em amenizar as relações de conflito na família. A vivência dos alunos dentro deste serviço de saúde mental tem possibilitado experiências importantes para a formação, pois permite conhecer os dependentes químicos e dar-lhes um olhar livre de preconceitos/estigma, bem como ser uma fonte de apoio e incentivo para a equipe e reconhecer a rede de serviços para a garantia de um cuidado integral.
INTRODUÇÃOOs transtornos provocados pelo uso de álcool e drogas exercem considerável impacto sobre os indivíduos, suas famílias e a sociedade, causando prejuízo à saúde física e mental, comprometimento das relações, perdas econômicas e, algumas vezes, problemas judiciais. Diversas pesquisas apontam a associação entre transtorno pelo uso de substâncias psicoativas e violência doméstica, acidentes de trânsito e crimes (1) . Atualmente, no Brasil, os Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD) são os locais indicados pelo Ministério da Saúde para o tratamento de pessoas que usam abusivamente substâncias psicoativas. Nestes centros se indica a utilização de estratégias de redução de danos, ações de prevenção e promoção da saúde, acompanhamento às famílias e reinserção social. Este serviço deve garantir o acolhimento diário às pessoas, promover atendimento individual e em grupos, oficinas terapêuticas, visitas domiciliares, bem como possuir instalações adequadas para o tratamento de desintoxicação ambulatorial, quando necessário (2,3) . Deste modo, para a reabilitação de indivíduos em uso prejudicial de álcool e drogas se faz necessária a abertura de espaços de negociação entre o dependente, sua família, a comunidade circundante e a equipe do serviço de saúde que lhe presta cuidado. Neste sentido, é preciso que a capacidade de produzir contatos sociais que estimulem o usuário a aderir ao seu tratamento seja constantemente revista (4) .