ResumoNo bojo do debate sobre o tráfico internacional de mulheres na América Latina no século XXI, analisam-se, através de pesquisa bibliográfica e documental, as rotas de tráfico de mulheres com ênfase na fronteira Pan Amazônica, lançando mão de uma abordagem feminista pós-colonial das Relações Internacionais, uma vez que as mulheres do Sul Global, principais vítimas da prática, podem apresentar suas subjetividades e vozes silenciadas em diferentes dimensões pelo discurso (feminista) atrelado às produções dos grandes centros. De um modo mais preciso, uma leitura feminista pós-colonial do tema se faz necessária, à medida que enfatiza produções subalternas e as especificidades as quais as mulheres do Sul Global estão sujeitas, desconstruindo, portanto, visões dicotômicas que definem essa diversidade de mulheres como sujeito monolítico, frequentemente, na condição de "Outras", pouco civilizadas. Assim, são levadas em conta as marcas históricas trazidas pelo colonialismo, capitalismo, racismo e opressão, que, em diferentes níveis, a depender do contexto e recortes identitários, sustentam estereótipos e vulnerabilidades na vida de muitas mulheres da região. No caso do tráfico internacional de mulheres na localidade, as marcas de colonialidade transitam entre as fronteiras dos países amazônicos, ancoradas em noções de exotismo, hipersexualização, objetificação, selvageria, racialização e violência, marcadores capazes de influenciar relações sociais das mulheres em seu país de origem e destino. Por fim, o trabalho avalia a possibilidade dos trajetos reproduzirem a lógica de exploração ocorrida no passado colonial da região, visto que mulheres latino-americanas podem compor uma força de trabalho em mercados do sul ao norte global.
Palavras-chave: Tráfico internacional de Mulheres, Feminismos Pós-coloniais, Pan Amazônia
AbstractAt the heart of the debate about the women international traffic in the Latin America during XXI century, we analyze the routes of women traffic, emphasizing the Pan Amazonian boundary, through a post-colonial feminist approach of International Relations, since women from South Hemisphere, main victims of this practice, may present their subjectivities and