Despatologização do gênero: a politização das identidades abjetas

Abstract

Daniela Glamour Garcia olha para a câmera com olhos inquietos. Está visivelmente sensibilizada pelos meses em que esteve protagonizando um documentário sobre

A Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros (LGBT) e o acesso ao Processo Transexualizador no Sistema Único de Saúde (SUS): avanços e desafios

“…Since PHC is responsible for coordinating care and that it is where transgender people are referred to reference services, we ask ourselves whether, in fact, raising awareness so that PHC and Family Health Strategy teams are prepared to receive this population would not be important. Even with the number of transgender surgeries brought in this study and with the concern of the CTSLGBT evidenced in the documents, other recent studies have highlighted the difficulties of access of transgender people to the services of the SUS 1,4,9,10,14 . Considering the introduction of the right to the social name in the Charter of the Health Users' Rights 20 as an important action to promote universal access to the SUS, the issue of the social name as a fundamental aspect to access was also underscored.…”

“…Currently, the World Health Organization (WHO) defines transsexuality as a type of gender identity disorder. Transsexual men and women identify themselves with a masculinity and/or femininity different from that expected by society due to their biological sex 8 , causing a "gender dysphoria", which leads these people to demand sex change through a surgical procedure 9 . According to medicine and psy sciences (Psychiatry, Psychology and Psychoanalysis), transsexual people are seen as beings carriers of pathology and an International Classification of Diseases (ICD) that identifies them 2 .…”

“…One of the pioneers in transsexual studies was the German endocrinologist Harry Benjamin, who published the book The Transsexual Phenomenon (1966), which established criteria for diagnosing transsexual people, one of which is a longstanding abjection in relation to genitalia 10 . However, researchers who discuss transgender experiences from the social and human sciences and collective health question this pathologization 10 , since these experiences cast doubts upon the gender norms that govern our concepts of sex and gender 9 . The assiduous demand for transgender health services had been strong at the onset of the AIDS epidemic in 1980 2 .…”

O que esperam pessoas trans do Sistema Único de Saúde?

“…Contudo, as discussões sobre esta temática parecem não encontrar consenso dentro dos movimentos sociais de travestis e transexuais. Bento e Pelúcio 24 falam que parte da militância social enfrenta a problemática como uma concessão estratégica, por temerem o fim dos serviços oferecidos com a retirada do caráter patológico da transexualidade. Almeida e Murta 21 evidenciaram que, mesmo com a produção de avanços e consensos, a despatologização trans continua uma situação complexa.…”

Masculinidades em diálogo: Produção de sentido a partir de marcadores sociais da diferença

“…De fato, existe uma multiplicidade de saberes que se articulam na manutenção do sistema binário pênis-macho-homem-masculino versus vagina-fêmea--mulher-feminino (Bento & Pelúcio, 2012), incluindo as representações associadas ao cavalheirismo e à proteção que, se entendidos como naturais, reificam o modelo essencialista da diferenciação sexual. Já Thiago e Leonardo se referiram ao homem como "ser humano" e ambos concordaram que o gênero seria uma limitação, por determinar papéis e regras sociais.…”