As mulheres muçulmanas precisam realmente de salvação?: reflexões antropológicas sobre o relativismo cultural e seus outros

Apresentação: Por uma abordagem etnográfica dos “direitos humanos”: conflitos, moralidades e direitos

“…Nesse sentido, é importante salientar que a discussão ganha contornos não apenas teóricos e analíticos, mas também políticos e éticos. Nessa linha, os debates têm se dado em torno da noção de relativismo cultural e sua tensão com uma ideologia relativista como forma de tolerância (OLIVEIRA, 1998) 1 . Especialmente no contexto norte-americano, esse debate ficou atrelado à discussão e crítica de alguns antropólogos às formas de intervenção de uma sociedade (Estados Unidos) sobre outras (aquelas predominantemente estudadas pelos antropólogos).…”

Resistências epistemológicas feministas: subjetivações emergentes como estéticas do existir*

“…Mais do que uma produção teórica que vise a estabelecer pensamentos de resistência e entender as engenharias da subalternidade, o estudo de contextos específicos possibilita-nos (re)descobrir práticas e apontar novas direções a propósito da condição da mulher na sociedade (Hall, 2003;Appadurai, 2004;Santos, 2005Santos, , 2009Quijano, 2009). Apesar da preocupação em enfatizar as realidades peculiares das mulheres, pouco é sabido sobre as que não correspondem à atual representação feminina dominante (Vargas, 1992;hooks, 2000;Oyewùmí, 2005;Abu-Lughod, 2012).…”

“…A força chama para a briga, impõese. Portanto, não se trata de aumentar a tolerância (em relação às mulheres indígenas, negras, pobres, entre outras e outros), mas de desafiar essa arrogância e considerar as nossas próprias responsabilidades perante as formas de injustiça global (Braidotti, 1998;Abu-Lughod, 2012).…”

Rejeitado, Reinventado, Tolerado, Negociado: O uso do véu islâmico e as Relações de Gênero no Mundo Muçulmano através da ótica de Marjane Satrapi em Persépolis

“…É importante fugir de construções históricas que conversam com construções hegemônicas orientalistas e coloniais da mulher muçulmana, agenciando-a enquanto oprimida, submissa e destituída. Abu-Lughod (2001) destaca o forte impacto do livro Orientalismo, de Edward Said (1978), na influência de estudos sobre gênero e feminismos no Oriente Médio. A autora discute que Said não aborda exatamente questões sobre gênero e feminismo, mas, ao abordar a geografia imaginária que divide o Oriente, confirmando a superioridade ocidental e possibilitando a dominação europeia, ele possibilitou que outras teóricas fossem além, ao explorar as relações de gênero construídas a partir do discurso orientalista (ABU-LUGHOD, 2001).…”

“…A abertura do estudo sobre orientalismo afetou muitas áreas do conhecimento das Ciências Humanas, dentre elas a construção na abordagem de gênero e sexualidade. Abu-Lughod (2001), apresenta alguns impactos do trabalho de Said nesses estudos. Inicialmente, pensar o orientalismo abriu possibilidades de outros autores irem além.…”