RESUMOVivemos em uma sociedade pautada no dispositivo cultural de poder da heteronormatividade. Assim, a homofobia e a transfobia, frequentemente já vivenciadas na família, são reproduzidas na escola. No presente trabalho, pretende-se construir compreensões sobre as vivências escolares de um grupo LGBT, que enfrentam condições de vulnerabilidade, na relação com a heteronormatividade, assim como elencar elementos importantes para a construção de um cotidiano escolar em que caiba a diversidade sexual e de gênero. Adotou-se uma abordagem de cunho cartográfico. O trabalho com o grupo foi desenvolvido em um centro de referência a pessoas em situação de rua que frequentavam o local para refeições e banho. Os encontros foram semanais ao longo de um ano. Utilizaram-se como instrumentos de coleta de dados: o diário de bordo e entrevistas. Constatou-se que as histórias demonstram com intensidade a ação da heteronormatividade enquanto dispositivo cultural de poder, legitimando hierarquizações e processos de exclusão e violência. A transfobia e homofobia resultaram em processos de isolamento e expulsão da escola, assim como da negação das condições básicas de aprendizado, expressas no não domínio da escrita e da leitura. Ao longo do trabalho desenvolvido, destacou-se o potencial do trabalho em grupo, através do qual puderam reconhecer e reinterpretar as próprias dores, entendendo-se como sujeitos que possuem uma história que merece ser contada e que apresenta um potencial de ajuda a outras pessoas que vivenciam condições semelhantes.
Palavras-chave:Heteronormatividade. Escola. Abjeção.