Um acoplamento viral com HIV é uma composição que põe à prova mecanismos como a temporalidade da reprodução sexual e a relacionalidade social. É esse campo que cruza política e sexualidade, matizado por graus de ansiedade e pânico que analisamos nesse artigo, explorando as dimensões da contaminação dentro um panorama mais amplo das políticas ecológicas. Inspirados nos debates sobre biopoder, propomos um experimento narrativo e ensaístico a partir trajetórias de crianças vivendo com HIV nas escolas, argumentando que a iminência de contaminação dos corpos nos currículos convida a pensar os entrelaçamentos entre vida e morte e vida e não-vida. Sugerimos, assim, o vírus como uma figura de poder que produz a materialização diferença como um erro metabólico do tempo da reprodução e da projeção do futuro. Defendemos que abordar a experiência dessas crianças oferece um suplemento às considerações (bio)políticas dos debates ambientais e das políticas ecológicas. O agenciamento viral coloca enredamentos existentes nos currículos entre sexualidade e ecologia política que tem recebido pouco crédito nos recentes debates sobre o Antropoceno. Esses laços complicam a imaginação ética da vida social ao expandir o corpo para além do humano quanto permitem abordar como e onde as disposições de poder dos currículos podem ser configuradas ao colabar os corpos como unidades separáveis em si mesmas e hermeticamente fechadas.