ResumoProcuramos mostrar a necessidade de uma prévia adequação das teorias feministas para tentarmos explicar o feminismo que faz parte dos ideais do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), organização presente no Brasil desde 1983, que só se considerou feminista em 2010. É preciso evitar certo evolucionismo presente quando se compara campo e cidade. Para isso, o conceito de "transmodernidade" de Rodríguez Magda (2007) torna-se frutífero, porque não trabalha com noções evolucionistas do feminismo, mas diz que elementos de diferentes correntes, antigas e recentes, aparecem combinados nas atuais. A autora não considera as novas correntes mais "corretas" que as antigas, prefere falar das "ficções úteis" que mobilizam os movimentos e, portanto, são "reais". Para buscarmos essas "ficções úteis" será preciso revisão histórica das correntes que trouxeram elementos ao feminismo das agricultoras. Para explicar a prática das militantes, propomos o uso dos conceitos de "experiência", de Scott (1999), e de "experiência próxima" e "experiência distante", de Geertz (2003). Acreditamos que só depois de uma reflexão teórico metodológica focada no problema de pesquisa poderemos levar a cabo essa investigação.
Palavras-chave:Gênero. Feminismo. Mulheres rurais. Movimentos sociais rurais.
Nota preliminarEste texto não é propriamente um artigo, é uma proposta de estudo para um fenômeno recentemente surgido no Brasil que é o "feminismo camponês". Sendo o feminismo um movimento muito urbano, enquanto a sociologia rural é uma disciplina que historicamente privilegiou a ideia de "família rural" como um todo unido, dando pouca atenção às questões de gênero, situação que felizmente vem se modi cando, temos que as revistas feministas e as dedicadas ao campo, juntamente com seus leitores, di cilmente se cruzam. Publicar um texto feminista em um dossiê sobre agricultura familiar é uma tentativa de aproximar essas duas áreas de estudo.