RESUMO: Neste artigo, retomo dois trechos da minha tese de doutorado 1 que tratam de construção de identidades, numa reflexão que enfoca a condição da mulher na sala de aula, seja ela estudante ou professora, numa perspectiva (auto) etnográfica a partir de leitura de alguns teóricos que abordam questões de sexismo e subordinação. Assim, a partir de uma descrição de algumas cenas do cotidiano de mulheres negras, conjunto no qual me incluo, procuro refletir sobre o sexismo e as condições de subordinação e dominação presentes, principalmente, nas práticas cotidianas onde nós estamos inseridas.PALAVRAS-CHAVE: Experiência cotidiana. Resistência. Resiliência.ABSTRACT : In this article, I return two sections of my doctoral thesis dealing with identity construction, a reflection that focuses on women's status in the classroom, whether student or teacher, a perspective (auto) ethnographic from reading some theorists addressing issues of sexism and subordination. Thus, from a description of some scenes of everyday black women, set in which I include myself, I try to think about sexism and conditions of subordination and domination, especially in daily practices where we are inserted.KEYWORDS: Everyday experience. Resistance. Resilience.A narrativa, que durante tanto tempo floresceu num meio de artesão -no campo, no mar e na cidade -, é ela própria, num certo sentido, uma forma artesanal de comunicação. Ela não está interessada em transmitir o "puro em si" da coisa narrada como uma informação ou um relatório. Ela mergulha a coisa na vida do narrador para em seguida retirá-la dele. Assim se imprime na narrativa a marca do narrador, como a mão do oleiro na argila do vaso.Walter Benjamin 1 A partir de uma experiência pessoal como estudante de doutorado, tentei interferir no sistema educativo, buscando compreender de que forma uma educação hierarquicamente racializada afetava os processos de alteridade entre professores e alunos, em especial, da Educação de Jovens e Adultos de uma escola situada em Cajazeiras, bairro periférico de Salvador/Bahia.Com esse objetivo, em 2007,formei um grupo de professoras de Português língua materna, na unidade escolar onde também leciono, para apresentar e instalar uma proposta de formação docente "em serviço" atenta às necessidades de um olhar mais sensível ao reconhecimento das diferenças, sejam elas de "raça", gênero e linguagem, o que levaria os sujeitos do ensino e aprendizagem a não só discutirem formas de desigualdade, preconceitos e discriminação, como também a apontarem saídas, no sentido de enfrentamento das suas condições de existência nesse contexto, direcionadas pela utopia de uma sociedade menos desigual.