Gênero, o público e o privado

Abstract

Neste artigo, a filósofa política Susan Moller Okin discute as configurações históricas da dicotomia público/privado, analisando seus significados a partir de uma perspectiva de gênero. A ausência de reflexão sobre o gênero - especialmente sob duas formas, a negligência à realidade política das relações familiares e a linguagem 'neutra' - tem levado muitos teóricos, do passado e do presente, a reafirmar essa dicotomia sem levar em conta sua natureza patriarcal. Para Okin, os domínios da vida doméstica (pessoal) e da vida não-doméstica (pública) não podem ser interpretados isoladamente, o que demanda uma revisão profunda dos fundamentos de grande parte da teoria política liberal. A autora enfrenta essa tarefa, abordando problemas importantes, como o valor da privacidade.

Professionals and interfamily violence against children and adolescents: in between legal and conceptual precepts

“…These results are similar to those obtained in a study conducted in England that found that the expectations regarding the mother figure go beyond caring for children; that is, they also become responsible for managing the father's and other family members' behavior (20) . For some authors, such attitudes may be guided by the social construction of gender, where men are connected to the sphere of economic and political life, while women take responsibility for the private sphere of the home, and so the caring for children shall be entirely their responsibility (18,21) . As a consequence, professional practices facing situations of interfamily violence tend to not include mothers and fathers in the intervention process, thus only being responsible for the immediate care of the victims.…”

Connections between Men and Health: discussing some scratches of masculinity

“…Pode-se então dizer que meninos são historicamente criados para aprender a serem homens, ou melhor, parafraseando Simone de Beauvoir, não se nasce homem, torna-se homem. Essa distinta socialização de meninos e meninas inicia cedo, na própria família, que perpetua as desigualdades entre homens e mulheres (Okin, 2008). Meninas ganham quarto rosa e meninos quarto azul; os presentes também são diferentes, para meninos dão-se carrinhos e bolas e para meninas bonecas e panelinhas para brincar.…”

Violência, Justiça e Direitos Humanos: reflexões sobre a judicialização das relações sociais no campo da "violência de gênero" *

“…O trabalho de doutorado de Regina Lúcia Teixeira Mendes da Fonseca (2008), orientado por Roberto Kant de Lima, tratando das representações de juízes brasileiros sobre o princípio do livre convencimento motivado, traz uma modelo moral das relações de gênero. As fronteiras certamente flutuam, para usar uma expressão de Susana Moller Okin (2008), e a intervenção normativa pode contribuir para redirecioná-lo, mas estas pesquisas parecem mostrar que nem sempre ela atua nesse sentido. 26 Há um conjunto significativo de trabalhos realizados sobre os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher que trazem importantes contribuições para pensar a questão da "transição" e das possibilidades abertas pela Lei 11340 (Menghel et al, 2013;Campos, 2011;Maciel, 2011;Abadala et al, 2011;Pougy, 2010;Pasinato, 2010).…”