Os movimentos sociais, aqui entendidos como expressões de poder da sociedade civil organizada, têm sido objeto de diferentes discursos, tanto em nível acadêmico quanto dos governos, pressionados a produzir respostas às demandas destes atores sociais coletivos. No Brasil, diversos movimentos sociais emergem nas décadas de 1970 e 1980, juntamente com o processo de redemocratização do país, sendo que, na região do oeste catarinense, destaca-se o surgimento de movimentos relacionados ao campo, como é o caso do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), objeto deste estudo. O MMC caracteriza-se como um movimento popular, feminista e autônomo, que busca a valorização das mulheres do campo, em contraposição à cultura patriarcal, ainda visualizada na sociedade contemporânea. Aposta na construção de um projeto de agricultura camponesa e agroecológica na defesa da soberania alimentar. Através de revisão da literatura e documental, este artigo analisa a organização política do MMC na defesa de um modelo de desenvolvimento baseado nos princípios da soberania alimentar. Como resultados, evidencia-se que uma das principais bandeiras de luta do MMC refere-se à defesa da vida, considerando a busca por justiça, liberdade e solidariedade, com destaque para a construção de um projeto de agricultura agroecológica em contraposição ao modelo de agricultura convencional. A defesa da soberania alimentar pelo MMC assume questões específicas, como a preservação do solo, a recuperação de sementes crioulas, o plantio e manejo agroecológico, entendendo que não se trata apenas de um conceito, mas de uma estratégia política no enfrentamento ao sistema neoliberal globalizado.