Na trilha do gênero: pentecostalismo e CEBs

Abstract

Dentre a massa de sujeitos que engrossam as fileiras das inúmeras denominações evangélicas e pentecostais, representam a base e a liderança dos grupos leigos das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), superlotam as celebrações do Movimento de Renovação Carismática Católica (MRCC) e dão visibilidade às casas e aos terreiros afro-brasileiros, são as mulheres que têm maior expressividade. O duplo caráter de marginalização, mediante classe e gênero, e as possibilidades abertas por esses grupos religiosos às mulheres levam os estudiosos a buscar o entendimento da afinidade eletiva entre a mulher e a religiosidade, especialmente no contexto social da pobreza.Seguindo a trilha acadêmica dos estudos sobre as vertentes do pentecostalismo e das CEBs, realizados no país a partir da década de 1980, pretendo discutir -mesmo que de forma não exaustiva -o modo como a problemática de gênero tem sido abordada e incorporada na produção que utiliza gênero como referencial de análise e, também, naquela que, de modo mais geral, faz alusão às diferenças de gênero na forma de participação e pertencimento dos

Ciências Sociais Hoje: Sociologia

“…Havia nos anos 1990 uma preocupação com o impacto e a sobrevivência das comunidades eclesiais de base (CEB) católicas, sua inserção nos movimentos urbanos, a emergência das questões culturais e de gênero em sua pauta e o surgimento de alguns projetos sociais evangélicos nas periferias das grandes cidades. Essa preocupação quase desapareceu de publicações tematizando o catolicismo ou as questões urbanas, cedendo lugar à presença dos pentecostais nesses espaços e, quando muito, a diagnósticos sobre a crise das CEB -a despeito de estudos recentes que as revisitam não encontrarem essa crise, a não ser no sentido de que já não há na igreja o mesmo espaço e apoio às CEB (Couto, 2002;Maués, 2010;Steil;Reyes Herrera, 2010;Vianna, 2015).…”

Research in the Social Scientific Study of Religion, Volume 25

“…A similar lack of equality in gender relations was reported in previous studies. Attributes such as docility, selfabnegation, and intuition were considered essential characteristics for adequate female role performance (Couto, 2002). From the males, attributes such as strength, competence, and reason were expected (Rohden, 2003).…”

As mulheres como pilar da construção dos programas sociais

“…De acordo com Sarti (1996), ela supõe que os papéis do marido e da esposa sejam cumpridos de forma hierarquizada e complementar, o que permite "realizar diferentes funções da autoridade na família": o homem, a de pai e chefe de família, e a mulher, a de mãe e dona de casa. O chefe de família seria a "autoridade moral, responsável pela respeitabilidade familiar" e hierarquicamente superior, enquanto a dona de casa se responsabilizaria pela manutenção da "unidade do grupo", submetida ao primeiro.…”