Resumo Esse artigo visa abordar a relação entre democracia, saúde mental e pandemia. Para tanto, convida o leitor, na primeira parte do texto, a revisitar o assombro da chegada da pandemia da Covid-19 por meio de um filme, cujas personagens colocam em cena posições subjetivas distintas que carregam a potência de interpelar nosso lugar nos cenários necropolíticos da crise sanitária brasileira. Na segunda parte do texto, algumas encruzilhadas da democracia e da saúde mental na atualidade são explicitadas, a exemplo da propagação de discursos antidemocráticos e do recrudescimento das fragilidades da Rede de Atenção Psicossocial. Na última parte do escrito, compartilha-se uma experiência de Educação Permanente em Saúde em curso junto a trabalhadores da Rede de Atenção Psicossocial e da Atenção Primária à Saúde, e se desenvolve uma tentativa de reposicionar as balizas para a ação ético-política no campo da saúde mental contra a paralisia e a anestesia agenciadas pela lógica capitalista do estado necroliberal, que não raro engessa os afetos, os corpos e os atos dos trabalhadores da saúde no cotidiano das práticas.