Trajetórias de mulheres privadas de liberdade: práticas de cuidado no reconhecimento do direito à saúde no Centro de Referência de Gestantes de Minas Gerais

Abstract

Resumo Objetivo: Analisar a trajetória de cuidado de mulheres de um Centro de Referência a Gestantes Privadas de Liberdade (CRGPL), no que concerne às práticas dos trabalhadores no reconhecimento do direito à saúde e integralidade do cuidado. Metodologia: Adotaram-se a fenomenologia sociológica e a teoria do reconhecimento proposta por Alex Honneth (2003). Entrevistaram-se mulheres, agentes penitenciárias, diretores do CRGPL e do Hospital Sofia Feldman e profissionais de saúde, sendo realizada observação direta. Resultados e discussão: Identificaram-se três planos de reconhecimento, sendo que a autoconfiança foi verificada nas relações de vínculo e acolhimento dessas mulheres por gestores e trabalhadores. O autorrespeito foi identificado no entendimento, de profissionais e gestores, de que essas mulheres perderam seus direitos civis, mas que a saúde como um direito deve ser garantida. Verificou-se a autoestima na rede de solidariedade e compromisso construída de forma que resolutividade, referência e contrarreferência dessas mulheres sejam capazes de garantir o direito e a integralidade do cuidado. Conclusões: O estudo busca dar visibilidade a formas de cuidado mais solidárias, em que a garantia à saúde e ao cuidado integral não sejam apenas o cumprimento de um direito individual, mas uma nova forma de tratar essa questão na sociedade.

Ações de prevenção e enfrentamento às IST/aids vivenciadas por mulheres encarceradas

“…No contexto prisional, a vulnerabilidade sexual e reprodutiva feminina é incrementada em decorrência das questões biológicas, desigualdades de gênero, estigma e discriminação social 16,17 . Portanto, para compreender a complexidade dos aspectos envolvidos no processo de prevenção e enfrentamento da vulnerabilidade às IST/AIDS das mulheres privadas de liberdade, foi utilizado o amplo conceito de vulnerabilidade desenvolvido por Ayres 18 .…”

“…Dentre os agravos à saúde, as IST/AIDS ganham destaque no que diz respeito à vulnerabilidade das mulheres em situação de prisão, pois se verifica maior vulnerabilidade delas a essas doenças, bem como maior barreira para implementação dos direitos sexuais e reprodutivos nesses espaços 10,[14][15][16] . A mulher que ingressa na prisão tem maior risco de ser portadora de alguma IST, em decorrência de uma maior probabilidade de se envolver com a prostituição e com histórias de abuso sexual em sua vida cotidiana anterior à prisão.…”

Maternidade em regime prisional: desfechos maternos e neonatais

“…12 In Brazil, there was low percentage of consultations and PN and postpartum guidance. 6,15,16 There was constant absence of professionals, humanization and negligence in providing guidelines. 16,17 In labor and obstetric delivery, there are failures of communication between the team of the prison system and the relatives of the pregnant women.…”

Social representations of imprisoned women on Acquired Immunodeficiency Syndrome

“…The strategies developed for women deprived of liberty must be differentiated, given the need for greater assistance aimed at promoting the health of this population, due to the greater vulnerability of the prison environment, characterized by violence, marginalization and oppression (7)(8) .…”

“…Given this scenario, knowledge about HIV and AIDS is referred to in the literature as an important tool for adopting self-care practices (6,9) , favoring prevention and reduction of risk behavior (10) , above all, in the prison population, whose deprivation of liberty reinforces the precariousness and fragility of the guarantee of sexual rights, due to the bureaucratic and structural limitations existing in the prison establishment (7)(8) .…”