Resumo: Buscamos destacar os sentidos e significados que a dor representa para os praticantes de fisiculturismo nas academias da cidade do Rio de Janeiro. Foram investigadas oito academias entre as zonas norte e sul da cidade no período de 12 meses (2008)(2009), utilizando observações participantes, etnográficas e entrevistas abertas, além dos dados coletados em pesquisa de período anterior. A construção do corpo neste grupo está relacionada a organização e administração da intensidade e dos tipos de dor percebidos e interpretados pelos atletas ou praticantes assíduos, fato associado aos rituais de instituição que constroem a pessoa do bodybuilder. A dor corpórea é, portanto, não apenas parâmetro para a construção eficaz da forma, mas item fundamental para a demarcação hierárquica de papéis e de identidade daqueles que fazem parte da fração dominante no campo da musculação. É também, para alguns indivíduos, uma estratégia para superar o sofrimento. Palavras-chave: dor; sofrimento; musculação; bodybuilding; antropologia do corpo.