Clínica ampliada na atenção básica e processos de subjetivação: relato de uma experiência

Abstract

A proposta da Estratégia de Saúde da Família (ESF) privilegia ações de promoção à saúde, desenvolvidas pela equipe de profissionais junto com a comunidade. Na imanência desse coletivo, encontramos linhas disparadoras de processos reflexivos que podem liberar a produção de um saber-fazer criativo. Neste sentido, a inserção da psicologia nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) pode contribuir para a efetivação de uma clínica ampliada na rede básica, crítica aos modelos ditos saudáveis, na maioria das vezes ortopédicos e modeladores, aberta a experimentações e ocupada em religar clínica-política-produção de modos de vida. Neste artigo problematizamos algumas demandas dirigidas à psicóloga integrante do NASF pelas equipes da ESF, sua produção e implicações ético-políticas para o exercício da clínica e processos de subjetivação resultantes. Trata-se de um estudo de caso que buscou percorrer e mapear nos discursos possíveis interlocuções e agenciamentos, cujas expressões são traduzidas como demanda para os profissionais da saúde. Em muitos casos, tais enunciados exprimem considerações morais, formas idealizadas de saúde e bem-estar. Apostamos que a construção da clínica é produto de um coletivo desejante, capaz de resistir aos mecanismos de captura e disciplinarização da vida. Este trabalho propõe que, a partir das provocações do cotidiano, a equipe dialogue, questione e se fortaleça, para afirmar formas de existir saudáveis e livres de padrões preestabelecidos.

Psicologia e a Formação para a Saúde: Experiências Formativas e Transformações Curriculares em Debate

“…Já existem relatos de experiências em direção à preocupação de profissionais e docentes nessa perspectiva (Lima, 2005;Souza, & Cury, 2009;Sundfeld, 2010), demonstrando novos direcionamentos na formação de profissionais psicólogos para trabalharem junto a usuários e profissionais da saúde pública.…”

Possibilidades de atuação profissional do psicólogo no âmbito da atenção básica em saúde

“…A busca realizada (n=107) identificou a presença de 67 estudos em Lilacs, 24 em Scielo e 16 em Index Psicologia, cujos resumos foram lidos detalhadamente e, em seguida, selecionados de acordo com os critérios de inclusão-exclusão, chegando-se ao final com um total de 11 pesquisas (1,(8)(9)(10)(11)(12)(13)(14)(15)(16)(17) . Estas foram analisadas a partir de duas leituras detalhadas sobre cada texto: uma primeira de reconhecimento, e uma segunda com o intuito de identificar as atividades que caracterizam a atuação do psicólogo na ABS.…”

“…Sundfeld (17) (2010) Acompanhar a equipe do NASF o fluxo dos discursos e fazeres, bem como conhecer o desafio das equipes e o vínculo com a comunidade. Tipo de Estudo: Relato de Experiência.Instrumentos:…”

Demandas, construções e desafios vivenciados por terapeutas ocupacionais na atenção primária à saúde

“…Isso significa que a assistência continua utilizando os recursos inscritos na maquinaria e nos medicamentos, ou seja, nas tecnologias duras (24) . Esse achado também esteve presente em outro estudo (25) sobre a prática no NASF, que evidenciou a necessidade de se problematizar com usuários e familiares os pedidos de medicalização e fortalecer a autonomia e a corresponsabilização do cuidado.…”

“…A atuação que compartilha saberes se torna uma ação fundamental da clínica ampliada, pois é um agenciamento de vetores sociopolíticos, culturais e econômicos em um mesmo plano de imanência (25) . Porém, o atendimento individual se configurou como um importante desafio, visto que a categoria recebe clientelas complexas, para as quais as orientações não são suficientes e, portanto, carecem de acompanhamento terapêutico em longo prazo.…”