“…Porém, tais práticas se encaixavam, e ainda se encaixam, na promoção da saúde, se tomarmos o discurso hegemônico neste campo. Para autores com abordagens mais críticas, entre os quais destacamos alguns[24][25][26][27][28][29][30][31] , a promoção da saúde, como corolário e sob o signo da prevenção, serve a ampliar o escopo da normatização do corpo e da vida para além daqueles que estão doentes, seja pela amplitude das práticas preconizadas, seja por sua dimensão pedagógica.Afinal, quando saúde se torna um supervalor, meios que a princípio veríamos como apartados, como a realização de exercícios físicos, o (auto)cuidado com a alimentação, e até propostas anteriormente chamadas de medicinas alternativas, passam a fazer parte do mesmo complexo produtivo de circulação de capital das internações e do hiperuso dos sistemas de saúde. Isso se entendermos medicalização como a circunscrição da vida à matriz explicativa e às práticas sanitárias, dada a hegemonia de seu caráter regulatório, aos moldes da crítica de Michel Foucault32 .Conforme vemos no ensaio traduzido, Crawford analisa mudanças nos padrões de consumo dadas pela valorização da temática saúde, calcada em uma retórica e na cultura distintiva da classe média, sobretudo a estadunidense.…”