Reduzir-se a nada: articulações entre o masoquismo, o feminino e a máscara

Abstract

Resumo: O artigo demonstra que o feminino não possui uma caracterís-tica masoquista que lhe seja inerente. O suposto masoquismo feminino seria uma das máscaras utilizadas pelo feminino tanto para localizar-se como mulher como para atrair o desejo de um homem. Concluímos, porém, que existem parcerias tão devastadoras que podem reduzir o sujeito a nada. Palavras-chave: Psicanálise. Literatura. Masoquismo. Feminino. Máscara. Introdução: Psicanálise e LiteraturaEste artigo foi escrito com o intuito de desmistificar a concepção "rodrigueana" da mulher masoquista, segundo a qual as mulheres normais gostam de apanhar, concepção que habita tanto o imaginário dos leigos como de psicanalistas tais

A Elaboração Do Luto No Cônjuge Longevo E a Sua Autonomia

“…Oriunda de uma família francesa católica e conservadora, a história da autora nos chama a atenção por inúmeros motivos, um deles, sem dúvida, diz respeito ao modo como ela soube utilizar de pseudônimos para se desenvolver profissionalmente. Isso porque somente após assumir a identidade de Dominique Aury, em 1946, ela se tornou uma renomada tradutora, editora, jornalista francesa e crítica de obras literárias (RIBEIRO, 2018). Podemos deduzir dessa movimentação um saber-fazer com máscaras e personagens.…”

“…Esse jogo de sedução originou a polêmica obra "A história de O", um tratado sadomasoquista que desafiou a moral francesa dominante em 1954, a ponto de a editora ser acusada de obscenidade e a venda do livro ser proibida para menores de idade. Desafiou também essa censura, ao ser premiada com o Prix des Deux Magots, prêmio de literatura erótica, em 1955 (RIBEIRO, 2018). Além disso, incomodou as feministas que acreditavam ser o livro uma apologia à mulher-objeto.…”

“…Ela sofre uma série de transformações, inclusive corporais com o intuito de conquistar o amor de seus amantes. Ribeiro (2018) nos chama a atenção para a estratégia utilizada pela escritora para acionar a imaginação de seus amantes -"O", praticamente, não possui passado, nem idade, nem outras características que a definam -"Talvez sua intenção seja permitir que cada um produza imageticamente a 'heroína' de acordo com a singularidade de sua fantasia. Afinal, como teremos oportunidade de observar, ela foi criada para aguçar, saciar e preencher fantasias" (p. 30).…”

Amor feminino: do desamparo à devastação

“…Ainda segundo Ribeiro (2008), a verdadeira autora do livro é Anne Desclos, que já havia assumido o pseudônimo de Dominique Aury para conseguir ascensão profissional. Anne Desclos seria amante de Jean Paulhan, empregador de Desclos, que era casado e que despertou em Desclos anseio por pesquisar as obras de Marquês de Sade, do qual era grande admirador.…”

“…Quanto à noção de nada, na qual, o sujeito pode reduzir-se, Ribeiro (2008) salienta que a negativação dos referenciais fálicos ou de seus substitutos, no sujeito feminino aproxima-o do nada. A autora diz que esse tipo de amor, encontrado em "O", que a reduz a nada, a fazia supor que estava alcançando o amor daqueles a quem ela submetia-se.…”