“…No entanto, ao contrário do chiste, que conta com o Outro para ser legitimado, a ironia é uma maneira de denunciar a falta de fundamento ou a inconsistência do discurso do Outro, de onde, alguém se autoriza para impor algum sentido a uma outra pessoa (Teixeira, 2010). "A ironia não é do Outro, ela é do sujeito e vai contra o Outro" (Miller, 1996, p.191) Ela é, assim, como um hiato entre a palavra e a coisa (Sauret, 1999), uma denúncia de nossa imperfeição linguageira, levando-nos para o furo da própria linguagem. Pressupor que o sim e o não sejam equivalentes, que convivam lado a lado, ora pendendo pra um, ora pra outro -de forma a lançar o sujeito para além das oposições e das definições, até mesmo, do que é verdadeiro e o falso -pode levar a uma completa desrealização (Miller, 1996, p. 190).…”