1997
DOI: 10.1590/s0103-65641997000200007
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O Morcego, Outros Bichos e a Questão da Consciência Animal

Abstract: Examino criticamente a proposta de uma etologia cognitiva que queira centrar-se no estudo da consciência dos animais. Argumento que, embora possa dizer-se que os animais possuem consciência, no sentido de que se dão conta de eventos internos ou externos, não há como chegar ao conhecimento exato dos conteúdos desta consciência. Aponto os limites das tentativas de leitura da consciência baseadas em traduções perce-ptuais, em analogias antropomórficas e no uso de critérios comportamen-tais. O conhecimento de um a… Show more

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“…Darwin (1889) A atribuição de características psicológicas aos animais é recorrente como recurso humano através de analogias ligadas à proximidade entre humanos e animais, mesmo que a analogia desempenhe mais um papel heurístico, dada a complexidade de se desvendar o pensamento animal (Ades, 1997;Cartmill, 2000). Defendendo a ideia de que o conhecimento animal é produto de uma construção, Ades (1997) destaca que a partir da observação de como o animal se orienta no ambiente, dos objetos que procura ou que o incomodam e dos quais foge, do modo como lida com coespecíficos, de sua comunicação, etc., chega-se a uma imagem de seu modo peculiar de ser, enquanto indivíduo e membro de uma espécie: "cria-se empatia e respeito, descobre-se como cuidar dele e, às vezes, como interagir com ele sem que a semelhança com o comportamento ou a consciência do ser humano sirva de critério primordial" (Ades, 1997: 19). De acordo com Rollin (1990), negar que os animais sintam dor, medo, ansiedade, alegria, raiva -a gama toda das emoções e paixões -além de partilhar de pelo menos algumas de nossas habilidades intelectuais, de raciocínio e cognição, é arriscarse ao desmentido do senso comum.…”
Section: Emoções E Afetos Como Dinâmica Socializadaunclassified
“…Darwin (1889) A atribuição de características psicológicas aos animais é recorrente como recurso humano através de analogias ligadas à proximidade entre humanos e animais, mesmo que a analogia desempenhe mais um papel heurístico, dada a complexidade de se desvendar o pensamento animal (Ades, 1997;Cartmill, 2000). Defendendo a ideia de que o conhecimento animal é produto de uma construção, Ades (1997) destaca que a partir da observação de como o animal se orienta no ambiente, dos objetos que procura ou que o incomodam e dos quais foge, do modo como lida com coespecíficos, de sua comunicação, etc., chega-se a uma imagem de seu modo peculiar de ser, enquanto indivíduo e membro de uma espécie: "cria-se empatia e respeito, descobre-se como cuidar dele e, às vezes, como interagir com ele sem que a semelhança com o comportamento ou a consciência do ser humano sirva de critério primordial" (Ades, 1997: 19). De acordo com Rollin (1990), negar que os animais sintam dor, medo, ansiedade, alegria, raiva -a gama toda das emoções e paixões -além de partilhar de pelo menos algumas de nossas habilidades intelectuais, de raciocínio e cognição, é arriscarse ao desmentido do senso comum.…”
Section: Emoções E Afetos Como Dinâmica Socializadaunclassified
“…Basta, para isso, observar as reflexões de Ades (1997) sobre a consciência animal ou, ainda, os trabalhos dedicados a chimpanzés e/ou outros primatas que abordam cognição (Cheney & Seyfarth, 1990;Corbey, 1995;Hoof, 2001;Joulian, 1996;Tomasello, 1997;Tomasello & Call, 1997;De Waal, 2001; ou comunicação e linguagem (Parker & Gibson, 1994;Rumbaugh, Savage-Rumbaugh & Sevcik, 2001;Tomasello, 1994).…”
Section: Questões Gerais: Sentimentos E Biociênciasunclassified
“…Iniciativas que buscam refletir sobre consciência animal (Ades, 1997), aprendizado social (Böesch & Tomasello, 1998), "culturas" não-humanas (Bonner, 1983;Henrich & McElreath, 2003;Laland & Hoppitt, 2003;McGrew, 1996;Whiten et al, 1999Whiten et al, , 2001Wrangham et al, 2001) e dinâmica das relações entre grandes símios ou macacos (Mason & Mendoza, 1993;De Waal, 2000) são bons exemplos. Esses estudos fundamentam-se em concepções segundo as quais são centrais a interação entre as características decorrentes da herança genética e do meio social onde afloram, desenvolvem-se e influenciam-se mutuamente (Tooby & Cosmides, 1992), seja nos indivíduos, seja na coletividade (Henrich & McElreath, 2003).…”
Section: Antropologia E Biologia: Relações Delicadasunclassified
“…Ainda no plano da reflexão sobre os sentidos, Ades (1997) indica que o tratamento da complexa questão da consciência animal solicita avaliações de suas múltiplas implicações quanto à adoção de metodologia e apreensão do complexo fenômeno em questão. Conforme o autor, os procedimentos adotados pela etologia para a abordagem da consciência animal possuem três dimensões: as traduções perceptuais, as analogias antropomórficas e o uso de critérios comportamentais, e é evidente que, como em qualquer disciplina, aí se encontram suas possibilidades e seus limites (Ades, 1997, p. 129).…”
Section: O Problema Da Produção De Significadosunclassified
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