RESUMO: Este texto focaliza o trabalho do professor em suas relações com as prescrições ofi ciais e as condições de trabalho na instituição escolar. Como os professores descrevem os impactos das condições de trabalho a que estão submetidos? Quais são suas reivindicações? Como as condições e as especifi cidades do trabalho docente são contempladas nos documentos ofi ciais? Estas questões são problematizadas a partir da explicitação dos sentidos de "trabalho docente" em circulação em alguns documentos elaborados nas últimas décadas. As análises apontam que as concepções presentes nos documentos estão correlacionadas à disputa de posições ideológicas neste contexto, posições que constituem o (trabalho do) professor.Palavras-chave: Trabalho docente. Condições de trabalho. Política educacional."Tѕђ Ѥќџј ќѓ ѡѕђ ѡђюѐѕђџ" ѐќћѐђѝѡіќћѠ: ѡѕђ ѐќћѐџђѡђ ѐќћёіѡіќћѠ юћё ѡѕђ ќѓѓіѐіюљ ѝџђѠѐџіѝѡіќћѠ ёіѠѐќѢџѠђѠ ABSTRACT: This article focuses on the on the work of the teacher and its relationship with the offi cial prescriptions and the working conditions at school: How do teachers describe the impacts of the working conditions which they are submiĴ ed to? What are their expectations? How are the working conditions and the teaching specifi cities treated in offi cial documents? Those questions are discussed from the meanings of "the work of the teacher" concept's perspective found in documents developed in the last decades. The analyses indicate that the notions present in these documents are correlated to the debate between the ideological positions taking part in this context, positions that constitute (the work of) the teacher.
IntroduçãoE m estudo realizado com alguns professores da rede pública de ensino em uma cidade do interior do estado de São Paulo (Barros, 2009), foi possível identifi car que grande parte das "frustrações e desapontamentos" que o professor encontra na realização das tarefas profi ssionais cotidianas está enraizada nas condições concretas de trabalho produzidas pela organização institucional, como sobrecarga de trabalho, grande número de alunos em sala de aula, ausência de materiais para as aulas, difi culdade para efetivar as propostas ofi ciais por falta de apoio institucional, pequeno reconhecimento profi ssional, além da difi culdade para efetivar as atividades planejadas e do descontentamento com a própria forma de atuação.Os aspectos indicados pelos professores que participaram deste estudo vão no mesmo sentido das tendências apuradas em ampla consulta realizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) em escolas das redes públicas, junto a pais, alunos e profi ssionais da educação, cujos resultados estão sistematizados nos relatórios Retrato da Escola 1, 2 e 3 (CNTE, 1999(CNTE, , 2001(CNTE, , 2003. 1 Conforme Retrato da Escola 1 (CNTE, 1999), a questão do "número excessivo de alunos/as por sala de aula" é o primeiro dos fatores indicados como os principais problemas da escola e da educação. No tópico da profi ssionalização, os "salários indignos" ocupam o primeiro lugar, ...