Continuidade e ruptura no processo de constituição psíquica

Abstract

O trabalho se constitui numa discussão sobre o processo de constituição dos limites psíquicos em duas leituras contrastantes representadas por Andre Green e Donald Winnicott. Inicialmente apresentamos duas hipóteses sobre esta questão encontradas no texto freudiano, especificamente em 1930, que a nosso ver fundamentam os desenvolvimentos teóricos posteriores em Winnicott e Green. Então, a possibilidade de pensar a constituição psíquica a partir do postulado de uma indiferenciação primária, em Freud, se apresenta, em Winnicott, através do recurso ao paradoxo enquanto figura emblemática do processo de constituição psíquica. Por outro lado, a postulação freudiana sobre a ausência enquanto requisito fundamental da constituição da psique ressurge em Green sob a forma da exigência do trabalho do negativo, evento central na construção dos limites psíquicos.

Editorial

“…A ausência enquanto presença em potencial (Garcia, 2010a(Garcia, , 2010c não se concretizou nesses casos por uma falta de experiências satisfatórias ou, em termos winnicottianos, a capacidade do bebê de estar só em presença da mãe não se efetivou, pois não houve o aporte de um ambiente suficientemente bom (Winnicott, 2000a(Winnicott, , 1979. Portanto, para que o pensamento possa se constituir e a lógica desejante possa operar, é indispensável que haja uma presença externa constante e fidedigna de um objeto capaz de assegurar uma continuidade entre presença e ausência.…”

Os destinos do trabalho do negativo nas patologias limítrofes DOI - 10.5752/P.1678-9563.2012v18n2p277

“…Nos casos-limite, portanto, não houve a construção de um espaço interno neutro facilitador da emergência de objetos substitutivos. A ausência enquanto presença em potencial (Garcia, 2010a(Garcia, , 2010c não se concretizou nesses casos por uma falta de experiências satisfatórias ou, em termos winnicottianos, a capacidade do bebê de estar só em presença da mãe não se efetivou, pois não houve o aporte de um ambiente suficientemente bom (Winnicott, 2000a(Winnicott, , 1979. Portanto, para que o pensamento possa se constituir e a lógica desejante possa operar, é indispensável que haja uma presença externa constante e fidedigna de um objeto capaz de assegurar uma continuidade entre presença e ausência.…”

Presença/Ausência Materna E Os Processos De Subjetivação

“…Assim, a pulsão objetalizante, no campo das pulsões de vida, opera no sentido de ligar e compor unidades cada vez maiores, enquanto a função desobjetalizante atua no sentido da ruptura e do desligamento. O trabalho do negativo se insere no campo da função desobjetalizante, pois se apresenta sempre como uma forma de negação (Garcia, 2009). Nessa formulação, Green apresenta a função estruturante da pulsão de morte como fundamental na relação com o objeto, função que aponta "para a necessidade do trabalho do negativo na separação do objeto primário" (Garcia, 2012, p. 28).…”

“…E como assinala C. Garcia (2009), a constituição da estrutura enquadrante a partir do objeto materno necessariamente imperfeito está estreitamente relacionada com a alternância entre presença e ausência da mãe, que terá uma importância fundamental para os processos de subjetivação da criança.…”