2008
DOI: 10.1590/s0103-56652008000100005
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Narrar o trauma: a questão dos testemunhos de catástrofes históricas

Abstract: O trabalho propõe uma reflexão sobre algumas das características do gesto testemunhal enfatizando as aporias que o marcam. Partindo da idéia de que o testemunho de certo modo só existe sob o signo de seu colapso e de sua impossibilidade, o texto enfatiza os dilemas nascidos da confluência entre a tarefa individual da narrativa do trauma e de sua componente coletiva. Nas "catástrofes históricas", como nos genocídios ou nas perseguições violentas em massa de determinadas parcelas da população, a memória do traum… Show more

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“…O testemunho apresenta-se historicamente como uma peça icônica do dilema humano de gerar sentido na experiência, sobretudo quando se depara com situações-limites, ocupando o lugar de um valor elementar nas narrativas produzidas pelos sobreviventes de traumas e catástrofes 18 .…”
Section: O Testemunho Como Meio De Compartilhar a Experiência De Cuidunclassified
“…O testemunho apresenta-se historicamente como uma peça icônica do dilema humano de gerar sentido na experiência, sobretudo quando se depara com situações-limites, ocupando o lugar de um valor elementar nas narrativas produzidas pelos sobreviventes de traumas e catástrofes 18 .…”
Section: O Testemunho Como Meio De Compartilhar a Experiência De Cuidunclassified
“…Em seu artigo "Narrar o trauma -escrituras híbridas das catástrofes", Márcio Seligmann-Silva discute a imaginação como forma de enfrentar a crise do testemunho e destaca o escritor Robert Antelme: "O trauma encontra na imaginação um meio para sua narração. A literatura é chamada diante do trauma para prestar-lhe serviço" [24]. Seria nessa conjunção literária entre realidade e imaginação que o trauma pode encontrar a narratividade mais apropriada, onde intensidade e contundência, que não podem ser cingidas pela realidade dos fatos, se utilizam da exacerbação da imaginação para encontrar alguma correspondên-cia.…”
Section: I S C U S S ã Ounclassified
“…Ao escavar e evidenciar os rastros do traumático estamos -simultânea e contraditoriamente, inscrevendo e reforçando o trauma cultural, tarefa que se faz necessária, mais premente em virtude da profusão, intensidade e velocidade dos eventos. Que ao invés de somente cair no "buraco negro do real do trauma", nos termos de Robert Antelme [24], que possamos intuir e apreendê-lo através de alguma iluminação, de reconhecimento, do outro, nosso.…”
Section: I S C U S S ã Ounclassified
“…Contudo, a narrativa testemunhal 2 também implica na problematização da possibilidade de representabilidade do trauma (Maldonado & Cardoso, 2009;Seligmann-Silva, 2008), pois, diante do pulsional desligado, não é mais possível lidar com o excesso de excitação pelas vias usuais (Cardoso, 2011). Ou, mesmo, que a possibilidade de falar do trauma, usando uma linguagem literária, implique uma distorção das situações vivenciadas (Ornstein, 2010).…”
Section: Introductionunclassified
“…6 Jorge Semprun (1923Semprun ( -2011, político e escritor, foi preso político Lager Buchenwald. Um troço do precioso pão, afirma Ornstein (2006), dava acesso a papel e tinta, porque criar era vital, mesmo para aqueles pouco talentosos; transformar em palavra e testemunhar a vivência traumática atuaria como ponte entre o sobrevivente e o outro fora do Lager, representando, assim, o desejo de renascer (Seligmann-Silva, 2008). Para Semprun (1995), apenas a linguagem literária pode transmitir a densidade da vivência do Lager ao transformar o testemunho em um objeto artístico, um espaço de criação ou recriação.…”
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