Adaptação climática: Fronteiras do conhecimento para pensar o contexto brasileiro

Abstract

RESUMO No campo das Dimensões Humanas das Mudanças Climáticas existe um rico debate ancorado particularmente em arcabouços teóricos das ciências sociais sobre como as respostas que emergem para lidar com a questão climática estão intrinsecamente relacionadas a aspectos e configurações locais que interferem, em maior ou menor grau, nos processos adaptativos de diferentes sistemas. Outras possibilidades teórico-analíticas, também focadas em adaptação, vulnerabilidade e capacidade adaptativa, buscam intersecções com a literatura sobre resiliência e desenvolvimento sustentável. Neste artigo, as autoras partem de uma revisão crítica dessas perspectivas para pensar o contexto brasileiro e os processos de ajustamentos necessários para antecipar e responder aos impactos associados às mudanças climáticas nas cidades. A partir de uma reflexão sobre estudos conduzidos em diferentes localidades no país, indica-se a necessidade de um olhar sobre um conjunto de variáveis críticas (e as possíveis associações entre elas) em futuras pesquisas focadas na análise do contexto brasileiro.

Adaptation Policies in the Light of the Lifeworld: Phenomenological Perspective on Environmental Changes

“…No entanto, como mostram Di Giulio et al (2016), Ainda que tais perspectivas tenham sua relevância, elas falham em dois principais aspectos: (i) são insuficientes na compreensão de como os determinantes influenciam e interagem sinergicamente uns com os outros na elaboração das respostas às mudanças climáticas e na capacidade de adaptação; (ii) apresentam inconsistências para a análise de casos empíricos.…”

Potencial de adaptação dos municípios paulistas aos efeitos das mudanças climáticas: aplicação do índice de adaptação urbana no Estado de São Paulo

“…Frente à temática da mitigação que apresenta marcos importantes desde a década dos anos 1990, a adaptação só recebeu o mesmo grau de importância nas discussões internacionais durante a COP16, em 2010, com a negociação do acordo de Cancun (RODRIGUES FILHO et al, 2016;UNFCCC, 2019a). No Brasil, o Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima (PNA) só foi aprovado em 2016 (BRASIL -MMA, 2016a), apresentando 11 (onze) estratégias setoriais e temáticas a serem aplicadas para a promoção da capacidade de adaptação dos entes federativos e para a redução dos riscos relacionados à mudanças climáticas, ainda enfrentando dificuldades para a sua incorporação, especialmente nos centros urbanos (DI GIULIO et al, 2016).…”

“…Parte desses desafios está relacionada às dificuldades dos governos locais em utilizar e acessar informações sobre as mudanças climáticas e a capacidade das cidades em se adaptar. As incertezas e controvérsias dos efeitos das mudanças climáticas, as diferentes percepções de risco frente a estes impactos, o uso da linguagem técnica e o distanciamento entre os pesquisadores e os tomadores de decisão são barreiras a serem ultrapassadas para a ampliação da capacidade adaptativa em nível local (DI GIULIO et al, 2016). Além disso, são poucos os municípios com potencial para obtenção de crédito no mercado internacional, e, dessa forma, a maioria dos municípios do mundo dependem de recursos próprios ou de repasses de outras esferas de governo (federal ou estadual) para viabilizar projetos em respostas aos impactos das mudanças climáticas, dificultado a sustentação desses projetos a longo prazo e a ampliação da escala de suas ações (ICLEI, 2016).…”

“…Este conjunto de medidas são relacionadas com a capacidade específica de atuação frente às alterações climáticas. Por outro lado, como a redução da situação de vulnerabilidade socioambiental de uma comunidade também reduz os riscos a que ela está submetida, a capacidade genérica surge como uma segunda opção de atuação, sendo composta pelos fatores sociais, econômicos e políticos que ampliam ou reduzem a vulnerabilidade de uma determinada população (DI GIULIO et al, 2016).…”

“…Nesse sentido, e em consonância com a literatura analisada, quatro dimensões foram definidas: Habitação, Mobilidade Urbana, Agricultura Sustentável e Gestão Ambiental do território. Complementarmente, buscou-se integrar ao índice uma dimensão que considera proposições e intervenções mais ajustadas à capacidade específica do município, atuando na minimização dos impactos diretos dos eventos climáticos (DI GIULIO et al, 2016). Assim, a quinta dimensão integrada ao índice refere-se à Resposta aos Impactos Climáticos.…”