A heurística do medo, muito além da precaução

Abstract

Por mais que o avanço da ciência e da tecnologia esteja na raiz de vitórias decisivas na luta por melhores condições sociais, é impossível não reconhecer a ameaça crescente que o conhecimento e suas aplicações práticas representam não só para as sociedades humanas, mas para a vida em seu conjunto. A capacidade humana de intervir sobre a natureza é hoje muito maior que a possibilidade de prever com um mínimo de segurança os resultados dessa intervenção. Para Hans Jonas esse contraste só pode ser abordado com base numa exigência ética que ele sintetiza no Princípio Responsabilidade, e que se apoia na heurística do medo. Baseado numa abordagem crítica do dualismo que marca a cultura ocidental e separa matéria e espírito, corpo e mente, natureza e sociedade, Hans Jonas rejeita a ideia de que uma organização social voltada explicitamente à satisfação das necessidades humanas (e não ao lucro) suprima a exigência de uma reflexão específica sobre as ameaças vindas da expansão autônoma da ciência e da tecnologia. Este trabalho, além de expor as bases do dualismo estudado por Jonas, procura mostrar que suas preocupações não são contempladas pela eventual adoção do princípio da precaução e mostra, ao final, duas áreas (biologia e geoengenharia) em que a aplicação de sua filosofia da tecnologia pode ser especialmente relevante.

As empresas sociais de agricultura urbana e a resiliência nas cidades: movimentos populares belo-horizontinos e londrinos que desafiam a hegemonia neoliberal

“…Por isso, o tema "empresas sociais" se torna pauta relevante na agenda de discussões do século XXI. A construção de um modelo empresarial teórico, possível alternativa para a solução de parte dos problemas contemporâneos, está mobilizando pesquisadores de todos os continentes (Singer et al, 2014;Abramovay, 2016;Furtado, Teodósio, & Guerra, 2017). O objetivo principal de uma empresa social é preencher as lacunas criadas pela ausência governamental.…”

O combate à pobreza rural na América Latina e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – a necessidade de um enfoque relacional

“…De forma coerente com argumentos desse tipo, alguns autores, como Abramovay (2003) e Berdegué e Schejtman (2003), entre outros, consideraram a "abordagem territorial" uma inovação importante nos estudos rurais no final do século XX por pelo menos três razões principais. Este enfoque, em especial a ideia de "território", implicaria: a) a adoção de uma perspectiva intersetorial, uma vez que as famílias rurais usam cada vez mais combinações de rendimentos provenientes da agricultura, indústria e setores de serviços; b) uma ênfase na complementaridade entre espaços rurais e urbanos, evitando uma dicotomia artificial que os modos de vida rompem cotidianamente com a mobilidade pendular entre o rural e o urbano; c) a identificação da inevitável interdependência entre sistemas sociais e ecológicos contida na ideia de território, algo geralmente separado pela literatura especializada em ciências biológicas e sociais.…”

“…Isto traz, mais uma vez, para o centro do debate público o tema da desigualdade -como será distribuído o bolo que continuará a crescer? Sob o ângulo ambiental, por fim, muitos autores como Abramovay (2012Abramovay ( , 2017 apontam que este século será palco de grande transição nas formas de uso dos recursos naturais. O forte crescimento das energias renováveis já é um indício disto.…”

Cafés sustentáveis e denominação de origem: a certificação de qualidade na diferenciação de cafés orgânicos, sombreados e solidários

“…Os movimentos sociais pela valorização da qualidade podem ser considerados elementos importantes de transformação estrutural da agricultura, que têm ocupado espaço cada vez maior como fator de segmentação do mercado e de competitividade. De acordo com ABRAMOVAY et al (2006), os movimentos sociais podem contribuir para a criação de um ambiente institucional favorável para reduzir a exclusão social de diversas maneiras, como por exemplo, com a introdução de novos temas, com a democratização do processo de tomada de decisões, com a transformação da própria matriz de relações sociais, e com a conversão de populações antes excluídas para protagonistas da vida social.…”