Muita politicagem, pouca política os problemas da polícia são

Abstract

A partir de uma tematização crítica do que seja, ou possa ser, o "crime organizado", este ensaio contextualiza e desenvolve a trajetória profissional de um(a) hipotético(a) jovem policial, compartilhando uma visão de base etnográfica sobre as "frágeis fronteiras" entre conveniência, convivência e conivência diante de atividades ilícitas. Segue a pista de uma expressão cotidiana dos policiais fluminenses: "a polícia tem vários patrões", que serve para criticar, contemporizar, explicar ou justificar o que compreendem como o "comprometimento" ou o "envolvimento" de policiais com os mais diversos interesses, incluindo os que se associam ao chamado "crime organizado". Compartilha elementos de um diagnóstico da clientelização policial que contextualizam e conformam as condições de possibilidade do uso do mandato policial para fins particulares e suas implicações.<br>The presente essay departs from a critical appraisal of what is, or would be, the "organized crime" to develop and contextualize the professional trajectory of a hypothetical young police officer, showing an ethnographic perception of the "frail frontiers" that separate police convenience, coexistence and connivance with illicit activities. It follows the lead provided by a common saying of Rio de Janeiro police officers - "the police have many bosses" - in order to criticize, palliate, explain or justify their "connection" or "involvement" with a wide variety of interests, including some that are associated with the so-called "organized crime". It also mentions the elements of a diagnosis of police "clientelization", which contextualize and shape the conditions of the possibility of using the police mandate for private purposes and its implications

Quem policia a polícia? Breves considerações sobre a atuação policial no Brasil

“…Uma das forças que alimenta esse decisionismo todo está na imprecisão legislativa e doutrinária que não é capaz de dizer, de maneira clara, quais são os limites do exercício do poder de polícia 14 , resultando em uma série de escolhas que têm de ser tomadas diariamente por policiais, escrivães e comissários. Assim, muitas vezes, os atos ilegais se justificam por uma necessidade prática de dar andamento às investigações 15 .…”

Notes on law and police occupational culture in Brazil’s Military Polices: an explorative study

“…By leaving too much to improvisation and not providing adequate institutional support, the organizational structure of the criminal justice system overestimates the police's capacity for problem-solving and, in practice, pushes officers to search for solutions outside the rule of law (Muniz and Silva 2010, Azevedo and do Nascimento 2016. Additional aggravating factors are found in the low salaries and poor job conditions offered to Brazilian military police officers, which tend to create an environment that favors corrupt practices and illegal side jobs as a means of income complementation (Muniz and Proença 2007).…”

Agendas democráticas para o século XXI: percepções dos(as) brasileiros(as) sobre descriminalização e legalização da maconha

“…In Brazil, the damages manifest most sharply in the morbidity and mortality of the most vulnerable populations, especially poor young people, male, black and mulatto, slum and peripheral residents (NEVES;GARCIA, 2015;ASSIS;DESLADES;SANTOS, 2005); in the overcrowding of prison and socio-educational systems, which produce absolutely degrading living conditions RIBEIRO, MOREIRA, 2015;SCISLESKI et al, 2014;FERNANDES et al, 2014); reinforcing police repression and corruption (MUNIZ, PROENÇA JR., 2007); in the unbridled multiplication of the demand for mental health services (RIBEIRO et al, 2016;SILVA;VARGAS, 2015); and in the organization of drug trafficking in an economic dynamic that integrates the legal, informal and illegal market, becoming an extremely profitable activity, that seeks to infiltrate on party and electoral politics (CRUZ NETO;SUCENA, 2001).…”