No artigo é desenvolvida uma breve análise sobre a identificação política e a forja do inimigo, consideradas as articulações discursivas e as possibilidades de fundamento para o social elaboradas entre o político e a política, relevantes para a definição de ordem e de exceção. São abordadas referências da teoria política de matriz pós-fundacionalista, destacando Laclau, Mouffe e Rancière, num diálogo com Schmitt e Agamben, considerando as categorias exceção, inimigo e político. Busca-se, a partir dessa base teórica, problematizar aspectos da política e da democracia, sendo viabilizada uma abordagem crítica sobre o consenso democrático e sua caracterização como pós-política. São demonstrados, brevemente, aspectos autoritários da antipolítica, como manifestações regressivas do político. Considera-se que as identificações políticas e suas expressões, não são totalmente contidas nos limites da representação institucional da política democrática. Em questão, estão as consequências dos afetos que compõem as manifestações políticas, as quais não são adstritas à racionalidade que orientaria decisões políticas, conforme a tradição na teoria política.