Pau Brasil tem início em um gesto de negação da história do Brasil precedente à sua publicação. Seu mote inicial, que, apesar de breve, é apresentado já na primeira edição isolado em página inteira, anuncia que sua publicação se dá "por ocasião da descoberta do Brasil" (Andrade, [1925] 1 2003, p. 97). Obviamente, elementos próprios de um Brasil anterior à "descoberta" oswaldiana serão costurados na trama desse longo e heterogêneo poema, inspirador de uma invejável fortuna crítica. No entanto, esse gesto inicial, que nega dimensões a serem, de * Agradeço à Fapesp o financiamento da pesquisa de que este texto se origina.fato, abordadas no desenrolar do poema, anuncia uma postura de negação, ou supressão, de parte da herança cultural brasileira que atravessaria o poema por completo. Meu intuito é trazer à tona dessa trama poéti-ca uma dessas dimensões negadas no mote inicial mas retomadas repetidas vezes no corpo do poema: a figura do bandeirante, tão cara aos setores mais conservadores do período e surpreendentemente capaz de fazer emparelharem-se esses últimos e Pau Brasil, uma das expressões mais vanguardistas do modernismo paulista, embora ambos coloquem a questão de formas bastante diversas. Com isso será possível inserir o poema no debate de época, posicionando-o em um patamar de equivalência, embora não de semelhança ou de homogeneidade, com textos de naturezas diversas (sociológicos e historiográficos) para fazer saltarem os diferentes usos que as diversas perspectivas fizeram desse mito ressurgido no início do século XX. No confronto