ResumoO presente artigo parte da inter-relação analítica entre corpo e mundo social para se debruçar sobre a articulação entre o corpo e a cidade, duas dimensões materiais, geográficas, sociais e políticas que se perpassam e se influenciam como territórios físicos e culturais de produção e enunciação de processos sociais e políticos. Enfocando, sobretudo, as vidas e os corpos das pessoas que vivem ou trabalham em situação precária nas ruas, pontuamos que a produção e a reprodução da vida diária têm o espaço físico e as redefinições contínuas sofridas por ele como sua base e condição cotidiana de existência. Nesse sentido, o corpo aparece não apenas como presença imagética e material ou como metáfora de projetos urbanos, mas como uma experiência concreta, múltipla e influente na própria constituição da cidade. Nessa relação específica de escala entre corpo e cidade, portanto, a condição de precariedade aparece como fundamental, pondo a nu e de forma conflitiva como as condições socioeconômicas, bem como as imposições do poder urbanístico sobre determinados sujeitos, vão moldando corpos abjetos resistentes e tendo paisagens urbanas redesenhadas.
Palavras
AbstractThis article discusses the analytical interrelation between the body and the social world, in order to focus on the articulation between the body and the city. Both are material, geographical, social and political dimensions; they constitute physical and cultural territories of production and enunciation social and political processes, permeating and influencing each other. Taking in particular account lives and bodies of people working or living in precarious situation in the streets, we claim that the production and the reproduction of daily life is conditioned by the physical space and its continuous redefinitions. In this sense,