“…Estas desordens, segundo Wacquant (2005), combinavam duas lógicas: a de ser um protesto contra a injustiça racial com raízes no tratamento discriminatório, e a de ser uma manifestação da população mais empobrecida, que se revolta contra a privação econômica e as desigualdades sociais crescentes; desordens que se valiam da arma única que praticamente possuíam: a ruptura do "pacto social" ou do "contrato social" com o recurso da força. Peralva (2006), diferentemente de Touraine, dirá que os levantamentos de 2005 na França eram "expressivos", e não tanto na ordem da "instrumentalidade", sugerindo a presença de casseurs políticos cuja perspectiva seria protestar contra políticas públicas que pretendiam adormecer os males que afetavam as populações dos bairros populares e retardavam as mudanças efetivas das suas condições de vida. De uma forma ou de outra, a violência era o produto de um "sujeito coletivo" que parecia ter as mesmas reivindicações dos jovens de classe trabalhadora, quer dizer, emprego, ensino de qualidade, moradia, acesso a serviços públicos em geral e tratamento justo por parte das "forças da ordem".…”