Elasticidade-preço da demanda por etanol no Brasil: como renda e preços relativos explicam diferenças entre estados

Abstract

Este artigo estuda a demanda por etanol no Brasil no período 2001-2009, considerando as características regionais de renda e de preços relativos. Essas características explicam variação relevante na elasticidade-preço da demanda, aspecto até então desconsiderado em estudos anteriores. Foi estimado um modelo econométrico a partir de um painel de dados estaduais mensais, no qual variáveis instrumentais foram usadas para controlar a endogeneidade na análise da demanda. Conclui-se que a demanda é mais elástica em estados mais pobres e em que o preço relativo está próximo a 70%, a taxa técnica de substituição entre etanol e gasolina, parâmetro relevante para as decisões de consumo de proprietários de veículos flex-fuel. Essas regiões apresentam maiores elasticidades-preço da demanda, em última análise, por conta de diferenças logísticas e tributárias, as quais definem o preço relativo. Esses resultados diferem daqueles obtidos por Salvo e Huse (2013), pois identificam diferenças regionais que independem da heterogeneidade das preferências dos consumidores, mas decorrem da configuração logística e de renda. Os resultados sugerem implicações para as políticas tributária e de infraestrutura logística, as quais, ao afetarem o nível de preços relativos de etanol e gasolina, afetam a sensibilidade da demanda com relação às variações de preço.

The ethanol market in Brazil: price behavior and regional differences

“…According to Orellano et al ., 11 there is an identification problem with demand estimation models that use aggregated data because the data on observed sales and prices correspond to points of market equilibrium. The researcher therefore faces a classic endogeneity issue in these models because prices are explanatory variables correlated with the regression error term.…”

“…The researchers reported that ethanol was a price elastic good and that the short-term price of ethanol and cross-price elasticities of gasoline increased in the post-flex-fuel period. Similarly, Orellano et al 11 analyzed the demand for ethanol in 2001-2009, considering the regional characteristics of income and relative prices and using monthly state data with instrumental variables (ethanol prices from adjacent regions) to control endogeneity. They suggested that demand is more elastic in poorer states and that the relative price (ethanol/ gasoline) is close to 70%.…”

“…According to Orellano et al ., 11 the flex‐fuel technology created a new fuel market in Brazil, which is possible to consume pure hydrous ethanol or gasoline blended with anhydrous ethanol. The latter is obtained industrially from hydrous ethanol and blended at fixed proportions with gasoline.…”

“…Most of the studies have estimated only elasticities of demand for Brazilian ethanol market (Farina et al ., 8 Freitas and Kaneko, 9 Freitas and Kaneko, 10 Cardoso and Bittencourt, 2 Orellano et al ., 11 Santos, 12 Randow et al ., 13 Melo and Sampaio, 14,15 and Cardoso et al 5 …”